sexta-feira, 6 de abril de 2012

Vozes no Meu Quarto

Ouço sempre uma voz que me soa forte
E tem hálito de camomila com sequilhos
É a voz que me diz quem eu devo ser
Que sempre é o que eu não sou
E quando quero ser quem não sou
A mesma voz me adverte do erro
Como se quem me prende queira
Na verdade que eu me liberte
Mas só me confunde...

Ouço sempre uma voz de um doce amado
Que nunca foi meu e que nunca será
E que tem cheiro de livro velho na estante
É a voz que se cansou, que se casou
Que me diz pra correr atrás dela
Mesmo com palavras para que me afaste
Som maravilhoso que ecoa em minha mente
Mas que já esta frio em meu coração...

Ouço sempre uma voz destas sedutoras
Que sussurram ao pé do nosso ouvido
E trazem com sigo o aroma do porto doce
Esta voz é a que me lembra que sou humano
E que desejo a carne, a pele, o suor
Que me dá ânsia de ser profanado
Como uma igreja invadida por um pagão
Mas que me diz que não mereço...

Ouço sempre uma voz em tom de guerra
Transpirando desafio e deboches incessantes
Que saem quentes como o fogo de um dragão
E me dizem do que não vou fazer nunca
E me lançam a face a minha total culpa
Desafiam minha gaiola de sanidade
Que me protege dos erros mundanos
Mas que me impede de fazer o que anseio...

Ouço sempre uma voz monótona em solo
Que de tão alta ensurdece quem a escuta
E tem som de vento forte de tempestade
Ela envolve meu corpo nu sobre a cama
Tornando mais só minha eterna solidão
E mais angustiante cada um dos meus medos
Sou torturado pela melodiosa solidão
Que me faz odiar mais a minha vida
Mas que me é a única companheira...