sábado, 23 de julho de 2011

Dos Males da Noite Fria

O que me aterroriza são as paredes do meu quarto
Que me cercam caladas e ao mesmo tempo tão imponentes
O que me apavora é este silencio frio da madrugada
Tão denso quanto o tormento dos ruídos e gritos do dia
E nem sei se a noite me conforta mais ou me enlouquece
Pois ao menos sub o sol eu enxergo o que está à minha frente
E não tenho medo do incerto, das trevas errantes
Ainda mais temo o travesseiro que abraço como um amante
Que pôde por vezes me sufocar sem ninguém ver
Se a ele fosse dada a vida de que dispomos

A morte não é o maior temor de alguém solitário
É sim apenas um risco eminente ao qual todos estão sujeitos
O maior dos medos que circundam um solitário
É a permanência da própria solidão gelada
Desta anfitriã tão indesejada quanto odiada por nós
Deste fardo que é o excesso da falta de alguém
Deste desejo que nos faz chamar em silencio e sonhando
Qualquer anjo doce que esteja de passagem
E nos faz a ele desejar mais uma vez, dentre tantas:
- Apenas faça aquele garoto feliz...
Eu não sou tão importante...

domingo, 3 de julho de 2011

Improviso: Amoras

    Acho que talvez comer pão, ou um arroz com feijão não ajudasse muito na minha criatividade, muito menos a folha ao meu lado coma matéria de exponencial pra estudar. Estou aqui batendo a lapiseira na prancheta há horas e pela quinta vez minha mãe patê na porta do meu quarto me mandando dormir.
    Eu deveria ir comer algo que fosse mais “poético”... Sorvete sempre é bom, mas está muito frio... Chocolate quente? Não, ia ter que ir na cozinha, e não to muito afim de levantar. Nossa, o que não daria pra estar numa cafeteria agora! Um café com cobertura de chantilly seria ótimo, mas se nem chocolate estou animando a preparar, quem dirá algo tão complicado.
     A cafeteria mais próxima fica a nove quadras. O entregador até que é simpático, poderia pedir um expressos... Mesmo estando tão frio entregas não feitas de bicicleta, o que acho um absurdo. Mesmo sendo um negocio pequeno, podiam ter um pouco de zelo pelos funcionários e comprar um carro. Pedir um expresso, por mais que seja tentador, implicaria em deixar o entregador andar de bicicleta nove quadras, com cada osso do seu esqueleto se debatendo de frio... Não, é falta de compaixão demais. Melhor pegar logo a caneta e escrever algo!
      A falta de criatividade está me matando! Queria escrever um conto romântico, como já fiz tantas vezes, mas parece que o a falta de um amor acabou abatendo meu senso de romantismo. Queria ter a mesma coragem que já tive tantas vezes de escrever umas verdades e esfregar na cara das pessoas, mas não estaria escrevendo com sinceridade... Não tenho verdade nenhuma a gritar. Minha vida corre na maior serenidade, felizmente... E talvez isso seja um problema, pois escritores escrevem melhor tristes, ou nervosos, ou apaixonados...
     Depois de muitas frases apagadas, o meu cansaço já era evidente. Mesmo com todo aquele esforço continuo e incessante nada sai da minha cabeça... Parar de escrever agora não era se quer coletável, eu tinha que produzir algo. Caso contrario nem mensuro as conseqüências...  Lembrei que tinha algo pra comer! Amoras!!! Tinham algumas na geladeira, que usei pra preparar uma torta. Não são nada comparado a um expresso quente, mas algo doce deve ajudar...
      Amoras são realmente especiais... Tem um cheiro e um gosto especial, talvez pela semelhança da palavra amoras com amor... Mas ao mesmo tempo elas me parecem algo relacionado à tristeza, sabe... Não! Não algo assim como esta tristeza mais comum, que vem da solidão ou da perda. Digo à ser nostálgica, ser doce... Me lembra da minha infância até... MENTIRA?! Nem percebi e estava aqui poetizando em uma amora. Agora é só retomar tudo e começar a escrever.