terça-feira, 31 de agosto de 2010

Onde Está Aquele Gosto...

    Não sei se posso chamar isso de uma reclamação da vida ou se devo apenas dizer que é mais uma prova de que o ser humano não se contenta nem com o perfeito, mas hoje irei escrever para vocês de algo que tem me ocorrido. De uns tempos para cá pouco tenho chorado. Sei que muitos de vocês podem se indagar: “Ue? Isso é muito bom, não é?” Porem os que escrevem sabem que para um poeta pode ser uma das piores fazes de sua vida.
    Não é verdade falar que nos poetas e escritores de romances gostamos de sofrer, porem é sabido que nossa arte não é lá uma das mais alegres e felizes. É sabido também que poucos de nos somos tão felizes ou completos quanto desejaríamos. Na verdade, acho que nos sabemos bem aumentar o vazio que todo ser humano sente, assim fazemos com que ele se pareça bem maior do que realmente é.
    Mas o fato que vos relato é bem particular. Passei por um ano perturbado desde o ultimo equinócio de primavera. Primeiro vieram as “Esmeraldas”, depois os gêmeos, depois um amigo, depois outro amigo... Em síntese, me apaixonei muito mais do que estava acostumado, e acabei me acostumando com as lagrimas, os lamentos e os poemas lançados ao vento. Mas é lógico, o que mais me faz fala é aquela esperança boba e vivida de alguém que acredita fielmente que passará o resto de sua vida com alguém. Que dará seu primeiro beijo nesta pessoa. Que viverão felizes para sempre...
    Gosto das coisas como estão: eu vivendo sozinhos, com amigos que surgem, somem, mas nunca desaparecem por completo. Com as pessoas que me cercam cheias de felicidade, ou simplesmente ainda vivendo a vida e seguindo em frente. Mas em meu peito sinto falta desta esperança de felicidade eterna que já não brilha aqui mais. Ouso meu coração todas as noites, não batendo e sim tremendo. O frio que faz aqui dentro, só os que já passaram por isso sabem como descrever...
      Estou cumprindo minha vida inercial, pacata e tola de sempre. Sigo em frente com meu computador, com meus amigos, com as festas raras e as alegrias que devido com um ou outro companheiro de estrada... Todos os dias acordo as seis e me deito quase a meia noite, sempre com a mesma cabeça, no mesmo quarto, após alimentar minha hamster e dar meu velho “Carpe noctem” no twitter... Não me queixo desta vida, ate gosto, sabem... Mas gostaria de ter aquele gosto de estrela de volta na minha boca, de ouvir os sinos de catedrais outra vês, de ter de novo a esperança tola de ser feliz...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Alguém que Pensasse em Mim

Queria alguém que pensasse em mim em cada manhã de sua vida
Que se tocasse da minha existência antes mesmo da sua
E que dissesse meu nome para os galos antes que eles cantem
Que antes mesmo disto sonhe doces sonhos comigo
E que tenha recordações nossas para me contar e rirmos
Que lembre de me perguntar como foi meu dia normal de sempre
Que se dê o trabalho de me ligar para desejar boa noite
Que ofereça a mão para que eu possa subir em algum lugar
Que me ofereça um tempo de estudo de integrais em grupo
Que seja sempre o que me adverte, não o que só consola
 Que se faça de bobo para que eu me sinta obrigado a explicar
Que faça de cada dia uma reprise do dia maravilhoso que passou
E que a cada novo dia tenha o dom de ser mais profundo e romântico
O que quero mesmo é alguém que me ame de verdade
De um jeito que acho que só eu sei amar...

sábado, 21 de agosto de 2010

Desbotado

Quando foi que tudo perdeu a cor?
Meus versos apenas ficaram cinza?
Por que não te vejo mais como antes?
Será que meu mundo arco-íres sumiu?
Apenas não vejo mais graça de nada
Nem em seu jeito nem em seu gosto
Antes você era alto e belo como ninguém
Agora é baixo e apenas um amigo especial
E aquele outro? Que nem está aqui mais...
Antes era lindo como um campo de trigo
Seu corpo se movia como as folhas no vento
E seus olhos faiscavam tão brevemente
Que eu só via os pequenos reflexos verdes
Agora não é mais assim, tudo mudou
Todos mudaram para algo sem cor
Os caras bonitos se tornaram normais
Os normais tão sem graça quanto os bonitos
Esfriei, me tornei uma pedra
Não sei ver o mundo sem aqueles olhos
O olhar caleidoscópico de um apaixonado
Ou de alguém muito feliz por nada
Estou sem cor nem pra mim
Não vejo mais a difração de meus cálculos
De meus textos tão multicoloridos
De meus amores de tinta que já desbotaram
Agora sou só mais um garoto cinza
Não mais roxo nem verde, cinza
Que acorda numa casa cinza, de uma família cinza
E faz todo dia as mesmas coisas cinzas de sempre
Sobrevivendo apenas a custa de algumas doações
Das poucas cores que restarem aos meus amigos
Também praticamente já desbotados pelo sol e tempo
Tentando ver cor em algo que não tem
Tentando fazer aquarela dobre uma vida morta
Tentando ser roxo, quando no máximo
Usando todas as suas forças
Consegue ser apenas furta-cor...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Olhos e Sakuras

      Caros amigos e leitores, e com imenso peso no peito que escrevo este texto... Por quê? Porque já deveria ter o feito há muito tempo. Mas hoje cheguei de viagem e me recordei que deixei de ir num aniversário de uma grande amiga por conta deste compromisso. Sendo assim, resolvo agora pegar minhas dividas com minha amada Rhaissa-chan, dedicando a ela alguns versos. Espero que ela possa me perdoar pelo atraso. Um abração para todos e uma boa leitura. Bay bay!



Olhos e Sakuras

Nem só de olhos puxados se faz uma oriental
Nem só da beleza sutil das sakuras primaveris
O oriente se ergue dia após dia junto ao sol
Com centenas de pessoas que batalham e lutam
E não são todos gueixas ou samurais ou xoguns
São pessoas como eu e você que andam pelas ruas
Que vão ao banco e que fazem suas compras
Porem dentro de cada um dos filhos da Ásia
Nota-se que existe um dragão adormecido
Um tigre pronto para correr pelos campos
Ou uma antigo, poderosa a grandiosa Kitsune
Que sutil caminha sem deixar que a percebam
Sem deixar quão poderosa é esta youkai
O mais fascinante é ver que as suas almas
Não estão presas pelas águas do Pacífico
Suas almas podem ser achadas espalhadas
E não só apenas em corpos de pele amarela
Mas em filhos brancos, negros ou pardos
Que olham para o sol nascente com alegria
Que amam ser chamados de diferentes
E por muitos também de não nacionalistas
Apenas por amar uma pátria honrosa
Mesmo que esta não seja sua de nascença

Ao reparar pessoas assim devotadas
Portadoras de esperança sobre-humana
Fico feliz de ver que ainda restam sonhadores
Que não sou o único a amar uma terra distante
Mesmo a minha sendo bem diferente...
(velha, enevoada e com cheiro de chá)
Respeito aqueles que criam amores distantes
Que falam outras línguas ou mudam o visual
Ou simplesmente os que pintam um quadro
Não em molduras, mas na parede do próprio quarto
Do velho pais amado e cheio de vida
Das belas sakuras róseas que cobrem o chão
Ou do monte imperados da Terra do Sol Nascente
Que os sonhos não sejam lançados ao vento
E sim brindados com a dádiva da realidade
Mas enquanto isso resta-nos sonhar, não é?
Manter o youkai preso no fundo do peito
Foliar fotos esperando para ver fotos nossas lá
Em um canto qualquer de uma praça
Fazendo uma cara estranha, maluca e feliz
Afinal de contas, sonhar não exige visto
Nem temos que pagar passagem aérea
Apenas temos que fechar os olhos e sorrir...

domingo, 1 de agosto de 2010

Garoto mudo

Todos as noites a mesma coisa
O mesmo ar de sempre
As mesmas frases tristes
Mas frases não mudam o mundo
Nem a realidade de uma pessoa
Sinto muita pena dele
Alem de um desejo incontrolável
Desejo de ajuda e apoio
Desejo de chorar junto
Desejo de abraçar, dar a mão
Desejo de sentir o que ele sente
De ver o que ele vê
Para poder ajudar
Ele me faz sentir impotente
Um poeta sem saber que dizer
E não e fácil me calar
E consegues o fazer
Sem proferir uma palavra se quer
O que posso te dizer?
Se soubesse, já o teria dito...