sábado, 14 de julho de 2012

Nietzsche


     “Há sempre alguma loucura do amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura.” E isso me reconforta. Sempre fui perseguido a cerca de ser um ‘escravo’ da razão, um físico, alguém que deveria ter um pensamento critico a cerca das coisas e mesmo assim me acho no direito de amar e ser amado. De amar diferente, de amar do meu jeito, de amar de verdade. Realmente, sentimentos não são bem vindos na resolução de um complexo problema de física. Aprendi com um grande mestre que nossa intuição no Maximo nos leva a dormir e comer doces, e nunca a mudança de variáveis certa para resolver um problema. Mas o que todo bom cientista sabe é que toda grande idéia nasce dos sentimentos: Da curiosidade do jovem Einstein, do fascínio do garotinho Leonardo, até mesmo do amor tão inusitado do casal Curie.
     “Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.” É por amor que muitos já cometeram atrocidades e foram odiados por isso, eu sei muito bem, Mas o ódio também está “além do bem e do mal”. O amor sega nosso estudo censo de que o que fazemos é melhor do que o que os outros fazem. Quando amamos, projetamos nossa visão de perfeição, que antes habitava nosso próprio ser, em outra pessoa que antes era tão torta e confusa quanto as outras. Na verdade o bem e o mal é só uma impressão relativa. Afinal, quem faz mal ao que é mal, é dito por bom. Indago-me ainda se as pessoas já se deram conta de quão distorcidos são seis alicerces de comparação.
     “Não há fatos eternos, como não há verdade absolutas.” E digo ‘como’ de uma forma causal. Nossa realidade é frágil, pois se sustenta em teóricos pilares de ‘verdade absoluta’, que na verdade carecem de uma fundação solida. Como físico, cito um exemplo bem atual: A recém comprovada “Partícula de Deus” (como a imprensa insiste em chamar, embora atraia mais e mais criticas ao assunto) trouxe luz ao estudo da gravitação quântica. Agora, podemos, através do campo de Higgs explicar diversos fenômenos que careciam de uma teoria adequada. Mas a verdade que a imprensa não mostrou é que uma massa de mentes brilhantes dedicaram sua vida ao estudo de outras teorias, tão boas quanto a de Higgs, e agora vêem seus trabalhos serem ridicularizados por colegas de departamento ou membros mais sortudos da comunidade científica. Até o meu trabalho, que parece elementar e confiável por tratar de moléculas muito bem estabelecidas, é sujeito a este tipo de mudanças. Amigos, nós acreditamos em moléculas há aproximadamente duzentos anos!  Quantas verdades muito mais antigas que essas já não vimos caindo por terra?
     “A moralidade é a melhor de todas as regras para orientar a humanidade.” Mas moral é uma coisa que poucos conhecem. Quando penso em moral, prefiro me referir à sua origem grega, êthica. Esta ultima sim, traduz todo o sentido de moral. Êthica nos diz a respeito do elemento e do todo, em uma única palavra. A moral é composta por duas vertentes inseparáveis. A primeira é a Moral Individual, por muitos chamada também de código de honra, ou em algumas vezes de ética. Ela nos diz o que é certo no nosso mundo, o qual não transpõe a nossa própria pela. A segunda vertente é a Moral Coletiva. Esta é baseada na história, nos costumes, no respeito próprio e no respeito que temos que ter uns pelos outros. Esta moral é muito mascarada pela cultura, pela religião e por tantos outros meios de nos dizerem o que é certo, mas na verdade podemos apenas dizer que esta moral impede que o seu mundo, aquele que não deve sair do limite tangível da sua pele, extrapole-se demais e atinja o mundo do outro. Moral, meus amigos, tanto a individual quanto a coletiva, é o que todos precisamos ter. Se todos tivermos, teremos todo o resto. Mas (mesmo não sendo pessimista e ainda não maldizendo a humanidade) posso afirmar categoricamente que tal coisa é utópica.