terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Pagamento

     Seria divertido se tido o que se faz para as pessoas tivesse retorno. Não estou me referindo à historia que o que se planta, se colhe. Estou pensando em algo mais forte... Uma Segunda Lei de Newton aplicada às relações humanas. Algo que garantisse a reciprocidade dos sentimentos e de suas intensidades. Mas isso não existe, ou se existe não funciona como deveria. Mas nada me impede de fantasiar nisso...
     Fico pensando o que pagaria semanas treinando pra fazer uma sessão de massagem hipnótica perfeita em um cara que nem está mais perto de você. Ou ainda o que valeriam dezenas de poemas escritos para o mesmo par de esmeraldas. Recebi em troca disso tudo foram quase três meses de depressão e uma foto que não podia ser guardada... 
    Ainda me indago o que pagaria diversos sábados onde agüentei delírios de um louco apenas por que gostava de vê-lo falar sobre o mundo, sobre si mesmo e sobre mim. Como alguém poderia pagar por anos de cumplicidade de alguém que sempre o achou lindo, mas que nunca tentou nada em respeito à amizade? Não há o que pague por anos sendo objeto de sedução sem esperança... Por este fui pago com um estoque ilimitado das mesmas coisas...
     Será que algo vale ser trocado por um amigo que te amou mais que tudo? Que chorou por você todas as noites? Que ficou feliz quando você amou outro? Que te perdoou antes mesmo que você pedisse perdão pelos crimes que você nem cometeu? Que ora por você todas as noites? Que tem como objetivo de vida te ver feliz? Fui eu quem pagou ao garoto que ama com mais amor, e mais amor, e mais amor... Mesmo não tendo o amor que realmente queria...
     Será que existe algo que possa ser trocado por dias e noites de solidão e de espera, seguidas de manhãs vazias? Será que se ganha algo por tamanho sofrimento duradouro? Espero que sim... Mas por este ainda não recebi nada em troca...
    Não acho que se deva pegar por nada destas coisas, mas acho que se eu quiser ter algo em troca do que eu faço pelas pessoas, o bom caminho é fazer algo por elas, mesmo que no fim não ganhe nada. Gostaria que mais pessoas fossem como eu e se dispusessem a fazer, antes de recebem... A gerar sorrisos nos rostos que chorar... As pessoas precisam aprender a viver...

sábado, 7 de janeiro de 2012

Redefinindo Solidão

     “SO-LI-DÃO (s. f.) Estado de quem está só, retirado do mundo...” E eu não sei como pode ficar tanto tempo sem ler este verbete... Hoje, em um lapso de coisa alguma a se fazer, fui a um dicionário e procurei, pela primeira vez, o significado de solidão. Me surpreende o fato de que nunca havia verificado esta palavra, haja vista a freqüência com que uso esta palavra. Talvez por isso mesmo acho que não o tinha procurado: Solidão já me era tão cotidiano, que nem a percebia mais como algo que valesse a pena explicar. Algo tão normal como “sono”, “sorriso”... Solidão pra mim era como “pão”! E isso, como um pão! Que pessoa em sã consciência procuraria pão no dicionário! (Devo admitir que já o fiz, e me surpreende muito com o que li.)
     Pois bem, agora me restaram só estas palavras pra tentar explicar solidão. Não digo que vim ao dicionário atrás de uma solução de todos os meus problemas ou atrás da compreensão total de meu atual estado, porem esperava algo mais conciso, palpável... Talvez um exemplo de aplicação... Talvez um relato ou uma nota editorial. Por um instante me dei ao luxo de olhar o rodapé, mas nada de mais avia lá alem de uma explicação de fonte bibliográfica para outro verbete, algo que dizia respeito a astronomia, se não me engano. Isso era irrelevante neste momento. Estava de frente a uma verdade que nem eu podia compreender. Por que tão pouco pra explicar algo tão abrangente?
      Tomado por um impulso filosófico, me senti desafiado a escrever-lhes um verbete para que seja suprida a carência dos dicionários no que diz respeito à solidão. Acho que tenho bagagem de vida suficiente pra escrever este verbete... Sim! Acho que verbetes deveriam sim ser escritos por especialista! Talvez assim as pessoas ficassem um pouco mais inteligentes ao ler o dicionário, não apenas um pouco menos burras. Vamos lá...
     SO-LI-DÃO (substantivo altamente substancial e independente do sexo) Estado que sentimos depois de anos tentando encontrar uma pessoa que nos faça feliz e nunca ter sucesso; ato ou efeito de se deitar a noite, abraçar o travesseiro e se quer ter em quem pensar; sentimento presente em pessoas que foram retiradas de suas famílias, de seus amigos, de seus amores e de seus sonhos e postas em um mundo vazio, cinza e triste; conseqüência inevitável de muito amar e ser abandonado; síndrome caracterizada por carência excessiva, acompanhada de insônia, deficiência respiratória, olhos lacrimejantes e desejo latente de ingestão de glicose; comportamento condicionado comum em pessoas dotadas de fé, esperança e nem um pouco de amor próprio. (Ant.: Felicidade, Sentimentos Recíprocos, Abraço, Amor, Amigos Verdadeiros)