sexta-feira, 30 de abril de 2010

Reflexão sub um nevoeiro

       O nevoeiro se adensou esta noite, nesta mesma noite sem sentido, nesta mesma noite em que fiquei na janela supervisionando a lenta peregrinação das nuvens róseas. Nada havia mudado, era a mesma noite fria de todas as madrugadas durante o final do outono, mesmo assim a natureza me surpreendeu com neste nevoeiro ralo. Ralo, mas também poderoso a ponto de me impedir de ver o rosto dos meus amigos a poucos metros de distancia.
      Ate a natureza, cuja ciência me dedico a estudar já faz anos, conseguiu me surpreender... Alias, qualquer coisa me surpreende, ate mesmo chuvas nas tardes de verão! Isso por que tudo é novo para alguém que vive uma vida que já tem se arrastado por mais de dezoito longos anos de solidão, desagrado e monotonia...
      Quem saberia dizer qual será a próxima peça que me pregara o universo? Só espero que não mais me iluda como faz agora com este nevoeiro... Mas quem sabe amanha a surpresa não será diferente... Talvez amanhã o sol não nasça para estes mesmos dias... Talvez pare de nascer o sol dos meus eternos dias tristes...

domingo, 25 de abril de 2010

Leitora

O que dizer de mulheres que como Viviane,
A Grande senhora do lago,
E também como a jovem Morgana
Renderam homenagem à Grande Deusa
As margens do lago de Avalon

O que dizer de mulheres que choraram
A morte de um garoto inocente
Que saiu de um planetinha remoto
E foi explorar o universo
Agarrado num meteoro que passou por lá

Que dizer de mulheres que se aventuraram
E que junto a Verne viajaram
Visitaram o centro da Terra
Deram a volta nela toda em 80 dias
E depois partiram daqui ate a Lua

O que dizer destas musas das artes
Que junto a Caliope cantaram lendas
Lendas que ela mesma ajudou nos pontos
Pontos fortes e pensados da trama das Parcas
Pontos que nenhum mortal ousa questionar

O que dizer de mulheres como estas
Sem que estas se irritem e nos cortem a cabeça
E ao mesmo tempo as evitando o sacrifício
De dormir sobre um grão de ervilha
Ou sofrer como uma heroína de Andersen

Sobre mulheres como estas pode-se dizer pouco
Mas algumas coisas desde já são certas:
Não morrerão como a Helena de Machado,
Por conta de simples pneumonia,
Nem como a inocente Joana Dark,
Numa fogueira, condenada, indefesa.
Uma mulher como esta que citei nestes versos
Morre sim como qualquer mortal
Mas morre na guerra, como uma amazona
E após sua morte será queima da com honras
Assim como feito à Artur.
E mesmo depois de sua partida
Sua vida virará historia,
Sua historia um mito,
Seu mito uma lenda,
E sua lenda se perderá...
Se perderá?
Não, sua lenda virará um bom livro!

terça-feira, 20 de abril de 2010

O dilema do espelho

O que eu vejo no espelho?
Vejo quem eu sou?
Vejo quem eu queria ser?
Vejo o que os outros acham de mim?
Vejo o que eu não gosto?
Vejo os meus defeitos?
Vejo minhas qualidades?
Vejo quem eu amo?
Vejo quem eu queria que me amasse?
Vejo quem eu queria beijar?
Vejo o céu?
Vejo a Lua?
Vejo você?
Vejo minha irmã?
Ou será que só me vejo ?

terça-feira, 13 de abril de 2010

Como Seria um Beijo?

Descrevê-lo é como falar da pele de Afrodite
Que deve ser tão sedosa quanto for possível
Porem nunca a tendo tocado tal deusa
Não poderia em versos expressar tal sensação
Analogamente é ao jovem e inexperiente Alastus
Impossível descrever tal laço divino entre almas
Que é um beijo entre dois amantes
Resta a este poeta falar de seus pensamentos
Resta a ele falar do que se espera de um beijo
Mesmo que no ato esta expectativa não se cumpra
Mas ao menos se evidenciou alguma expectativa
Pelo menos restou ao poeta um sonho pra sonhar
E é de sonhos bem sonhados que vem os fatos
Que pena do jovem e inexperiente Alastus
Que só agora notou o mais obvio dos fatos
Um beijo não é um sonho como outro qualquer
Para um sonho basta que alguém o sonhe
Que este tal sonho deseje de todo coração
E que se empenhe de corpo e alma nele
Em tempos o sonho se torna real
Mas um beijo é do tipo de sonho que...
Que simplesmente não da pra sonhar sozinho
Para um sonho como este
São necessários dois sonhadores...

domingo, 11 de abril de 2010

O Jovem Bardo Errante


"Ele era o tipo de garoto que se enturmava aos poucos, mas sempre mantendo distancia media. Não gostava das musicas que estavam na moda, mas ia aos shows e encontros apenas para ver os amigos. Era do tipo que todos achavam um máximo, mas ele não se achava tanto.
Por que citar este garoto? Simplesmente por que ele tem potencial para se tornar um brilhante personagem. Mas ainda não sei ao certo de que tipo...
Talvez pudesse ser um pacato de alguma vila... Talvez um daqueles bardos errantes que narram das lendas as mais desconhecidas que existem. Sempre acompanhado de um instrumento (uma rabeca, uma lira ou ate mesmo um carnix) e por grandes multidões que o aclamavam como herói. Porem esta mesma multidão nem se quer lembrava de sua existência depois que ele partia..."

"...E mesmo que de sua presença só restasse brumas e sombras, a musica que por ele foi tocada persistia ali. Era, afinal, antes dela vir das pessoas e de seus costumes,  ela vinha das flores, da natureza, dos sorrisos e caricias que por tamanha  beleza se emanciparam dos homens e se tornaram Patrimônio Universal.
Mesmo que embalado pelos braços de Berenices e Andromedas e motivado por sorrisos de dons mágicos, um bardo é um poeta e por tal passa a amar o amor, suas formas, seus versos e notas antes mesmo que qualquer coisa, antes mesmo que a sua amada, que incoerentemente ainda é tudo que ocupa seu coração de poeta, ou para os mais racionais a mente e o cérebro."

(João Paulo A. de  Mendonça Ricardo Barbosa Kloss)

Mais uma Mari?

     O seu nome era Mariana. Mas por praticidade, ela passou a ser chamada de Mari, como um sinal de afeto. O problema é que Maris existem muitas. E calhou deste ano em especial esta Mari começou a estudar com outras tantas. Por tanto tivemos que arranjar um outro nome... Mas qual? Tia Mari? Não... A deixaria muito velha... Que tal voltar ao Mariana de sempre? Mas isso não resolveria o problema. Então apelamos pro trivial, esta Mari agora carrega também seu sobrenome.
     Então está é a nossa amiga Mari Lima. E por que escrever sobre ela? A resposta também é a mais obvia: Não só por que ela é uma pessoa muito especial, mas por que ela tá ficando velha!!! E é melhor a gente falar dela agora enquanto ela tá jovem e bonita do que tentar homenageá-la depois que ela estiver velha e feia (Depois você pode me bater por isso, eu deixo!).
     Então vamos falar dela: A Mari é uma pessoa legal, que sempre sabe como alegrar uma conversa que tem tudo pra ficar chata ou enfadonha. Ela é a pessoa mais recomendada pra quem odeia aquele silêncio no meio de um bate-papo, pois ela nunca deixa um momento sobrar sem ter algo legal pra falar. Ela tem a mania de pegar um mundo cinza e torná-lo colorido. Não só colorido, ela o torna rosa!!! Com todos os poderes magníficos que está cor tem. Sim, pois se a alguém que sem duvida traz consigo todo o poder desta cor, sem duvidas é a nossa Mari!
     Eu poderia ficar aqui mais umas 5 paginas tentando descrevê-la, sua beleza, seu tom de pele (Que só pra constar é de um tom trigueiro lindo!!) ou de como nos distraímos e rimos do seu lado. Mas invés disso, preferi deixar. Vou dar um abraço nela pessoalmente na segunda. E aqui deixo de uma vez os votos de feliz aniversario e de um ótimo ano!!! 

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Noites em solidão

Ninguém merece passar  por isso
Sozinho na frente do computador
E mesmo com tudo que tenho
Não vejo nenhum amigo...
Não li nenhum email...
Ninguém comentou meu estado...
Ninguém se quer está aqui...
Mas fiz por merecer
Por negar a todo custo quem sou
Por amar alguém tão docemente
E nunca ter arriscado falar isso
Por ser a criatura mais medíocre
Ao achar que o saber me ajudaria
Que adiantam as verdades do universo
Se não sei as minhas próprias
Se eu nunca vou mudar por elas
E nestas horas o que me adiantou poupar
De que me adiantou a racionalidade
Me adiantou de nada
Se nunca tivesse me privado
Talvez hoje fosse livre...
De que me adianta estar escrevendo isso
Se não vou me mudar
Pois sou covarde demais pra isso
E me odeio por isso
Pois não tenho coragem nem de mudar
E nem de dizer “eu te amo”
Mas a mim está sendo aplicado o pior castigo
Noites de inverno e solidão
Sem amor e sem amigos
Sem emails, sem comentários
Restando-me apenas a solidão...

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Folhas ao Vento

       Hoje me peguei durante a aula olhando as folhas dos eucaliptos que ficam próximos ao prédio onde tenho aulas teóricas. Está era só mais uma manha se outono, mas estava excepcionalmente mais fria do que as que tivemos antes. Talvez este frio tenha despertado em mim o interesse de compreender o que eu estava fazendo. Porque estava olhando incessantemente para as folas lá fora? Será que algo de diferente estava havendo?
       Lembrei-me que você também olhou as folhas no vento, no mesmo dia, porem uma semana atrás. Lembro também que, assim como eu, rascunhou um pequeno texto em honra a estas. Mas ainda assim não sei se posso anexar à causa deste acontecimento a “magnífica aula de geometria analítica” ou a alguma matriz que tenha nos inspirado.  Porem também descordo que seja o fato de ser uma quarta pela manha. Talvez ate tenhamos as mesmas causas, mas duvido que sejam algumas destas.
       Olhando dentro de mim, mesmo analisando com calma, não sou capaz de identificar com precisão o que é. Sei apenas que é algo que surge de relance e que nos joga em um estado grandioso de epifania. De repente eu vi nestas folhas ondulantes a plenitude de um sentimento que a pouco invadira meu peito, do qual pouco conhecia. Um sentimento que poucos descrevem, e mesmo pecam ao descrevê-lo. Por isso mesmo nem me arriscarei a descrevê-lo, deixarei que algum de vocês se pegue olhando as folhas de um eucalipto farfalharem com o vento. E que vocês neste dia estejam sentindo o que eu estou, pois ai as folhas lhe dirão tudo que precisa saber, mesmo que isso não seja muito... 

domingo, 4 de abril de 2010

Um Poema de um Amigo

   Aqui vai um poema de um grande amigo, o Rafael Valerius.  Ele me mandou o texto original, nós trabalhamos nele e chegamos nisso. Esperamos se ele agrade e/ou comova vocês. Apesar de não ter titulo, acho que todos nós sabemos que mais importante que forma ou normas, a poesia tem que ter sentimento. e lhes garanto: Isso este garoto soube por neste texto! Meus parabéns ao Rafael e uma boa leitura para vocês: 


Estou no escuro e não enxergo nada
Nem um palmo diante de meus olhos
Estou perdido nas sombras profundas
Do subconsciente de alguém sem amor
De alguém que sobrevive sozinho
De alguém que é fraco o suficiente
E que não teve alguém que o ajudasse...
Um amigo, um amor...

Coração frio, denso e smbrio
Que não pode ser compreendido 
Coração ferido por tantas decepções 
Feridas que nunca se curaram...
 Cicatrizes que ainda se abrem
E se revelam profundas e sangrentas...
Pessoa de semblante sempre triste
Que já desistiu de sua existência
Que vaga pelas calçadas da cidade
Com vergonha, ódio e medo
Por tudo que já fez, obviamente
Mas principalmente pelo que não fez
Existência vazia, obscura e sem sentido
Alma vazia, sem amor, alegria ou amigos
É apenas mais um lobo solitário
Que vaga pela floresta de pedra 
Sozinho e com o medo de existir...
Com uma anciã de morrer...

“Viva os seus dias como se fossem os último,
por que vocês não sabem o que os seus colegas sentem!
A pessoa mais alegre costuma ser a mais triste por dentro!”


Ódio de Mim

Sabe o porquê disso?
O porquê de você estar ai
Sozinho defronte a este computador
Lendo as linhas deste poema
Por que assim como eu você está sozinho
Por que assim como eu você falhou
Falhou em fazer-se ser o que é
Falhou em achar alguém que gostasse de você
Falhou em edificar um amor
E agora está lendo os meus versos
Versos de outro miserável
Que por mais que se esforce
Também não conseguiu ate hoje um amor
As vezes ate os teve
Mas não os revelou
Mas se negou a lutar por eles
Não sofreu por amor
Preferiu chorar no travesseiro e no banho
Que no ombro de um amigo
Após um fracasso remediável

Ó alma que agora lê estes versos
Não se deixe contagiar por meu desanimo
Não se de por vencido
Esta alma que vos escreve já morreu
Pois é incapaz de amar plenamente
E revelar este amor
Esta alma se esconde nas sombras
E eu, o pobre poeta
Mera carcaça ou frasco
Sigo o caminho que consigo
Tendo uma alma assim
Um caminho que só me deu solidão
E falsas esperanças de um dia
Encontrar quem me ame...

Sobre Esconder o Amor

     Hoje pela manha, meditando a respeito do amor, veio a minha cabeça a imagem da brilhante pintora e mulher espirituosa que foi Frida Kahlo. Muita coisa havia de interessante nesta mulher alem de uma sobrancelha que nunca viu uma pinça. Em muitos de seus quadros ela encontrava um dilema terrível: Como mostrar em traços de desenho o que se passa na mente de uma pessoa? E ela usava um artifício artístico para suprir esta carência. Uma espécie de janela era aberta na testa da pessoa representada, e por ela, Frida pintava as imagens do que se passava lá dentro.
    Mas sei que alguns de vocês devem estar pensando: “Mas o que tem a ver esta mulher com uma meditação a cerca do amor?” Não, não estou apaixonado por uma defunta pintora. O que me fez pensar nela foi o fato de que muitas vezes nos escondemos os nossos pensamentos, nossas idéias. “É impossível esconder o amor!” dizem os populares, mas muitos de nós ainda o fazemos com bastante qualidade. Mas e se nos não pudéssemos mesmo esconder o amor. E se nos fossemos como Frida pintava: Tivéssemos uma janelinha que mostrasse aos outros em que andava nossa mente?
      Primeiro dia de aula. Você segue pelos corredores, quase vazios ainda, da universidade. Para na porta da sala e começa a observar as pessoas, seus futuros colegas de curso.  Pouco a pouco eles aparecem, e vão também se juntando a turma de calouros. Lá vem aquela que sem duvidas será a garota mais popular. Todos os garotos da sala começam a formular senas quentes com ela em suas mentes. Outros ainda pensam em jantares românticos, em restaurantes luxuosos. Já ela, passa tentando não olhar para estes pensamentos, mas quem olha os dela nota que no fundo ela também viu algum garoto que a motivou a pensar em senas semelhantes.
      Ai vem outra pérola, o Nerd. Não um Nerd qualquer, um dos bons. Um dos que traz com sigo outros adjetivos como hacker, otaku, jogador de RPG e ate o de professor, pois já leciona algo a um bom tempo. Ele vem como se nada fosse estranho. Lógico, ele conhece mais da metade do corpo acadêmico e já estudou lá fazendo algum cursinho complementar ou paralelo. Mas o Nerd também ama, e este em especial gostou de uma garota que esta sentada na primeira fila. Porem pra você é quase impossível acompanhar a mente do Nerd apaixonado, pois passam centenas de quadros por minuto. Entre eles imagens dele com a pessoa, mangás, cenas românticas de animes e ate apaixonantes equações de 5º gral. Percebendo que esta pessoa supera ate o seu próprio nível de “Nerdisse”, você desiste de entender como ele ama alguém.
      Agora vem aquele garoto que todo mundo acha legal, e que nada se diz contra. Um bom namorado, um inteligente aluno, um amigo exemplar. Porem ao olhar em sua “janela”, vemos que ele também cria senas. Este garoto em especial cria senas com outros colegas da sala, outros garotos. Estranho sabendo que ele tem namorada... Será o que cativa sua mente a tais coisas? Será que ele realmente gosta da namorada? Bem, agora a mente dele está ocupada pensando em homens seminus, mas como você é muito curioso, vai sem duvidas ficar de olho pra ver se mais tarde ele pensa em algo que te ajuda a entendê-lo.
       E agora é a sua vez, meu caro leitor. Está lá sentadinho, ai chega aquele ou aquela colega de sala que chama a sua atenção. Ele vem e senta do seu lago. O que fazer? A resposta é obvia, tentar pensar em nada e agir naturalmente. Mas por quanto tempo você vai agüentar? No meu caso não agüentaria muito, e logo a pessoa veria o que eu penso, que provavelmente seriam versos românticos escritos com métricas e rimas que teriam me surgido de maneira extremamente naturais.
      Pode reparar, te garanto que ate o parágrafo acima você achou esta idéia de “janela da mente” muito interessante. Mas assim que você notou que teria uma também, a idéia começou a não parecer tão boa. O problema é que nós não temos estas janelas, mas somos tão transparentes como se a tivéssemos. Creia, se o sentimento que passa em sua mente for mesmo muito forte a pessoa acaba vendo. Será que não valeria mais a pena abrirmos as “janelas” de vez? Ou será que, no fundo, fingir não amar e fingir não ver que os outros também amam é mais confortável?


João Paulo Almeida de Mendonça


Auto-retrato da pintora mexicana Frida Kahlo,
onde a caveira em sua testa é uma espécie de exteriorização dos
seus pensamentos.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Aquela Gaveta

Mexeram naquela gaveta, a de fundo roxo
Lá em baixo na estante
Aquela gaveta que faz tempo que ninguém mexe
A ultima do gaveteiro vermelho
Escondido não se sabe onde...
E lá estava uma foto
O rosto não é estranho
Muito pelo contrario
E de alguém que a pouco surgira
E de alguma forma fez seu rosto parar ali

O ultimo rosto mau acaba de lá sair
E eu já estou achando outro?!
Mas será que fui eu mesmo
Que coloquei esse rosto ali?!
Ou foi só coincidência
E ele logo vai sair?