quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Mais um fim

Mais uma vez vejo meu mundo cinza de sempre
Já estou começando a me acostumar com esta vida
Com este meu vai e vem de paixões finitas
Com esta minha rotina entre cinza e colorido
Mas desta vez não sei o que tenho
Não derramei uma lagrima de quer...
Mesmo tendo sido o fim mais brusco que já vivi
Mesmo sendo um das maiores dores instantâneas
Mas foram dois minutos de dor e perda
Depois alguns instantes de ciúmes
Depois algum período sutil de questionamentos
Pra no fim pairar sobre um mar de mesmice
E de sertã foram feliz por ver a pessoa amada
Junto de outra pessoa que amo também
Já passei por decepções muito piores
Já me sanei de dores bem piores
Mas desta vez a cura foi tão breve...
O que será que se passa comigo?
Acho que deveria ter chorado na hora
Quando eu, por ego, não o fiz
Pois não quis fazê-lo no meio de todos
Agora, por mais que tente...
Mais um longo período sem lagrimas...
Pelo menos a pessoa que amava conseguiu
Obteve algo que eu nunca poderia o dar
Felicidade, simples e sutil como só ela é...
Torço que você seja feliz, Garoto Cópia

E eu? Retorno à meu mundo cinza
Que já foi colorido por esmeraldas desaparecidas
Que já foi adoçado por sobremesas deliciosas
Que já foi movido por pele trigueira e exata
E agora a pouco era alegre por uma cópia
Uma copia ideal de alguém de carne e osso
Mas que não mais colore meu mundo
Pois agora colore o mundo de outra pessoa...
Fico aqui, no meu mundo cinza
A espera do autor da próxima aquarela...

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Meu Narciso

Minhas lágrimas distorcem seu rosto
E me impedem de te decifrar
Mesmo só te vendo de olhos abertos
Não consigo através deles olhar
E quando tento tocar sua face
Vejo você se aproximando também
Mas sua imagem desaparece...
É como amar uma pintura
Amar um auto-retrato animado
Quero beijar os lábios de um amor
Imerso em um lago espelhado
É como tentar salvar um príncipe
De uma prisão de cristal gelado...
Talvez possa te ter ao me imergir
Pois tenho sua imagem como companheira
Durante um mergulho nos meus sonhos
Mas entre sua imagem na minha mente
Prefiro ver você no meu dia a dia
Mesmo que seja só a sua imagem...
Sigo nesta tortura incessante
De abraçar e dar a mão ao cristal
À esta rocha enorme que nos separa
De seus olhos misteriosos
E tentar digerir a idéia fatal
De que não tenho forçar para romper este muro
Principalmente tentando rompê-lo sozinho...
Pense, meu Narciso, e escolha
A pedra funda mental da minha prisão
Está diante de seus olhos...

sábado, 25 de setembro de 2010

Un Garçon dans ma Vie

J'ai trouvé le gars parfait
Toute personne rêve de trouver
Une fois dans un tout tout est parfait
Les autres jours, non pas tant
Il suffit donc de se souvenir des jours heureux
Marche sans parapluie
La nuit je me suis endormi à côté d'il
Mais les souvenirs ne me rend pas heureux
Ne c'est pas la que je voulais
Je voulais un baiser sous la tempête
Je voulais être son compagnon pour la vie

Mais pour mon malheur éternel
Si vous ne me faites pas jamais une question
Je n'ai jamais eu le courage de parler
Tu est trop parfait
Même dans ses défauts
Tu est la personne me ferait plaisir
Mais tu ne mérite pas quelqu'un comme moi

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

7º Selo: Não Posso Te Tocar

     Lembro de como era bom no começo: Eu era bobo e nem chegava perto de você. Por mais que se sofra com o amor mal correspondido, ele nos emociona e nos da esperanças de um amanhã dos sonhos. Mas o passado é como uma melodia contida numa caixa de musica, ele não vive, ele abita no nosso interior adormecido e só faz algum sentido cogitá-lo, quando lembramos que ele existiu. Este passado belo de cristal em que eu vivia já se partiu...
     Tudo começou com as declarações indiretas de amor. Sim, no começo nem era amor, era uma atração, um interesse, um conjunto de características em comum... Esta é a melhor época de qualquer amor, pois depende apenas de um para existir. No meu caso, este amor lindo durou ate muito... O sustentei por meses...
     Depois vem a fase mais triste de aturar, a fase onde abrimos o jogo. Nesta época perdemos horas falando para o teto palavras de amor, a fim de um dia ao lado da pessoa amada poder ter coragem de dizer a verdade. Doce ilusão... A coragem nunca chega! Ela é esgueira e foge quando mais precisamos dela. Quando passei por esta faze mal tive esta coragem... Mas tive uma resposta...
     A resposta: “Sim, eu te amo”. Tolinho, você me conhece mesmo? Se acreditou que a resposta foi esta provou que me conhece muito pouco. A resposta negativa é só uma confirmação do preceito obvio. Pior que um não é só um contra argumento, um detalhe, uma barreira. Algo que pareça simples mais que impossibilite tudo entre os amantes. Eu passei por isso...
     Agora passo por uma nova fase que superou todos os meus conceitos de dor: Verte triste e não poder ajudar... Querer te abraçar sabendo que tens medo de mim, do que eu sou, do que eu represento... E tem horas que não sei se a dor que sofres é por minha culpa, o que aumenta mais ainda a dor que sinto... Queria poder te abraças, dar um beijo em sua testa e te dizer: “Eu estou aqui...” Mas sei que não posso... Como posso te tocar sem motivo algum, sem que pense que estou passando dos limites? Que estou tentando forçar algo que não vai acontecer...
     Outras horas ainda penso se não se entristeceu com esta minha tristeza... Será que o simples fato de eu estar triste pela sua tristeza te deixa mais triste? Será que se importa comigo assim como eu me importo com você? Será que seria capaz de amar alguém que nunca vai te amar igual? Eu sou...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

6º Selo: Feliz Aniversário!

Todo ano os mesmos sorrisos
Todos me abraçam e beijam
Alguns poucos me mandam presente
Muitos me mandam mensagens
E o sol se põem do outro lado do mundo
Nada mudou alem de um numero
Mas que ria que fosse diferente...

Me dê um presente este ano
Que fassa este aniversario especial?
Que tal uma pergunta brilhante?
 Quem sabe um almoço comigo?
Quem sabe um abraço diferente
Quem sabe já não passe da hora
De me dizer algo que está ai guardado
Aproveite este dia especial
Me dê a sua verdade de presente
Suas palavras de embrulho
Te poupo ate o trabalho do cartão

Ou que tal simplesmente me dar folga?
Se não gosta de mim, me de trégua
Se gosta de mim, me de carinho
Agora se simplesmente simpatizar...
Que tal uma mensagem???
Ela não faz mal a ninguém
Muito menos a mim

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

5º Selo: Emersão


     O sono se expande como um nevoeiro, que esgueiro entra pelas frestas de nosso consciente o completando com o que podemos chamar de sonho. É Como se os sonhos fossem uma pedra lançada num lago, e suas catástrofes fossem as turbulências geradas por esta pedra. Por sorte, nosso subconsciente nos prove de duas defesas: A primeira é o simples fato de nos nunca morrermos em nossos sonhos e de que na manhã seguinte teremos o prazer de acordar e bastara uma leve esfregada de mão na nuca para que tudo suma da nossa memória.
     Esta historia fala de um homem que teve um destes dons roubado. Talvez por ironia divina, para os que crêem em Deus, ou talvez por acaso, para os adeptos da sorte, este homem teve uma chance que nenhum ser humano que se tem noticia teve. 
     Sr. R. acordou pela manha. Casa limpa e arrumada? Pelo visto sua mulher resolveu acordar mais sedo... Antes de escovar os dentes ele olha para do relógio de cabeceira: “6:30 / Sunday” Mais uma surpresa. Domingo? Ele jurava que ontem tinha sido terça... Mas seguiu sem questionar, pois ninguém reclama de um bom domingo. Da cozinha vinha um cheiro ótimo, que parecia ser de pão recém assado, macio e quente. Tiro e queda: na cozinha sua mulher o aguarda com uma bandeja de pão fresco com manteiga.
     Café a mesa, ele se senta e comeu pão com manteiga, que derretia e contrastava seu salgado com o doce do pão sovado. Logo desceram seus dois filhos, dois pequenos e loiros garotos. O mais velho já trazia a roupa de passei, pois hoje iria para a casa de um amigo. Sentaram os dois após beijarem os pais e também se serviram. O Sr. R. ficou admirando a sua família. Era a família dos sonhos de qualquer um.
     Se levantou e foi tomar ar na varanda. O céu estava semi-encoberto, de forma que a claridade era tal para que as cores nem se perdessem nem se realçassem e sim fossem exatamente do tom que são. A grama verde esmeralda, as flores amarelas do inicio da primavera, as casas brancas dos visinhos... Tudo perfeito... Tudo como sempre sonhou...
     A vista do Sr. R ficou escura e o chão sub seus pés de repente sumiu. Sentiu-se como se puxado de solavanco para um lugar muito distante, a uma velocidade tal que se efetuou curvas, não podia dizer nada, pois não percebera. Foi quando tudo parou e ele recuperou a visão.
     Em uma cama de hospital ele vê todos os que vivem com ele. Não sua mulher e seus filhos, mas sim sua mãe, seu irmão e seus amigos que realmente importavam. Estavam todos com caras serias ao redor de um corpo inerte que respirava levemente. Quem era? Era o próprio R.K. que parecia estar dormindo. Nesta hora ouve-se os conselhos do medico, que entra compassivo. O laudo é um sono prolongado que já se estendera por mais de quatro dias.
     Foi então que R.K. Se lembrou de quem é, ou era: um jovem estudante, de vida simples e solitária. Alguém sem muitas expectativas mais com alguns poucos sonhos. Entre eles a mulher perfeita, os filhos perfeitos e a vida perfeita. }Talvez não absolutamente perfeitos, mas o mais perfeitos possível.
     O garoto se imergiu em sonhos e agora se defrontou com a realidade. A vida que por mais que tente negar é a dele. As pessoas que por mais que ele não ame, o amam. A vida de dias chatos de musica, solidão e estudo... A vida que a pouco escolheu ter... Será que haveria como despertar o corpo e voltar ao normal? Será que poderia simplesmente voltar? Tentar se jogar em si próprio? Mas nada disso funcionava com certeza...
     Alem disso havia outra reflexão: Será que valeria a pena tentar voltar? E se ele conseguisse? Os sonhos tão tangíveis virariam pó diante de seus olhos... Toda a vida que sonhara ter desapareceria. Tudo! Sem filhos perfeitos, sem mulher perfeita, sem emprego perfeito...
     R. K. foi acometido de pensamento estranho: “E se eu não conseguir voltar?” Sem mãe, sem irmão, sem amigos... Certo, algumas destas pessoas realmente significavam muito pouco, mas e as que significavam algo? E as pessoas que o amavam de verdade? E a faculdade que escolheu? Será que valeria apena trocar tudo que construíra ate hoje para viver um sonho? Trocar todo amor que lhe oferecem por um amor que na verdade só existe em sua mente... Em suas antigas especulações de futuro...
     O relógio toca. “5:30 / Wednesday”... Escovar os dentes, tomar café, um beijo na sua mãe, mochila nas costas... R. K. segue para mais um dia comum... Quem sabe hoje não viva um sonho? Quem sabe prefira algo real?

domingo, 19 de setembro de 2010

Selos 2, 3 e 4: Três Sensações em uma Alma

Sensação 1: O Desespero
(Trabalho com frases em primeira pessoa.)

Sei que é difícil, mas é o que eu mais domino...
Acho isso muito fácil pra cair...
Com esta parte eu tenho mais dificuldade...
Acho que não vou ter que fazer isso...
Vou indo pra sala, ok?...
Será que eu perdi a caneta?...
Estou pronto...
Caiu só a parte que eu não sei fazer!...
E se eu tentar...
E se eu fizer isso...
Talvez se eu fatorar...
Nada que eu faço funciona!...
Vou resolver o que eu sei...
Eu integro isso brincando!...
Será que é só eu fazer isso?...
Pronto, agora volto para as difíceis...
Não adiante, eu não sei...
Eu não vou deixar em branco!...
Acho que isso me dá um ponto?...
Será que eu entrego?...
Tento mais uma?...
Minha prova, professor...
Pelo menos gráficos eu desenho, né?...
E se meu coordenador ver...
Mas se a resposta for essa eu errei...
O que eu faço?...
Não sei...


Sensação 2: Felicidade Anestésica
(Trabalho com estrutura de monologo.)

     Na duvida do que vestir, a escolha foi por mesmo a melhor roupa que tinha no armário e sai. A prova nada feliz do dia anterior tinha me torrado a cabeça, mas hoje era muito diferente: a prova era de física! Minha área. Sem medo algum foi ao ponto e esperei o primeiro ônibus que passasse se quer perto da faculdade. No meio do caminho me dei conta de que tinha esquecido a calculadora, mas isso nem me abalou. Como diz meu professor: “Calculadora é para os fracos!”
     Nenhumas das minhas expectativas estavam erradas. Fiz a prova na menor velocidade possível, e com isso entreguei com menos da metade da duração. Sai e fui em busca de meus amigos. Saímos caminhando da faculdade, todos contentes com a prova. Íamos para o shopping, pois aviamos decidido por almoçar num restaurante de comida italiana. Escolhi um trivial prato feito, que por sinal estava uma delicia. Outros amigos preferiram massas mais ousadas, cheias de gorgonzola e gratinadas, que também pareciam estar ótimas. A sobremesa foi uma torta sabor prestigio, eleita por uma amiga como a melhor sobremesa do grupo. Foi esta amiga a que deu a idéia do dia.
     Ela nos convidou para ir à casa dela. Com isso fui logo para a minha e tomei um banho. Por falta de opção, acabei por não mudar de roupa, por que esta que usava era mesmo a melhor do armário. Nas costas minha amada mochila, um cafuné nos sobrinhos e na hamster, peguei o telescópio e sai.  De carona com um amigo, fui para o sitiozinho onde minha anfitriã vivia. 
     Era um lugar lindo: Pastagem ao redor, e ao longe montes recobertos por matas praticamente intactas. Na frente da casa havia um lago enorme, um dos maiores que já vi de perto. A decoração do interior da casa era rústica, mas ao mesmo tempo casual e com toques de tecnologia. O quarto de minha amiga, por sua vez, era um baú do tesouro! Jogos, instrumentos musicais, ornamentos inusitados e divertidos... Aliais, ornamentos não eram problemas, eles se espalhavam pela casa, a números inimagináveis. Bandeiras, pratos decorados, corais, peças tribais, mais instrumentos musicais, bebidas...
     Pra completar a noite maravilhosa com os amigos, uma mesa de sinuca. Tudo bem, não sei jogar sinuca. Se soubesse, também não ajudaria, pois era uma sinuca profissional, muito diferente das que vemos por bares e DA’s.
     A simples presença de amigos e suficiente para nos dar uma injeção no coração, que paralisa os sentimentos ruins e os torna bons e puros. Simples mas fortes. Tão fortes que podem ate nos enganar e nos tornar temporariamente feliz. 


Sensação 3: Atração Remota
(Trabalho poético arquivado como “O Garoto-Gato”.)

Ele está dormindo
Não sussurra nem ronca
Olhos levemente fechados
E delicioso o ver assim
Mas que pena, não é pra mim...

Brincando com o gato
Faz dele, alem de gato, sapato
E ele se entrega em seu colo
E segues o ritual de caricias
Enquanto o gato quase adormece
Que pena que é só gato
Que não possa fazê-lo em mim

E ao caminhar pelas estradas vazias
Age como uma inocente criança
Ou talvez apenas como um bobo
E corre livre e criativo
Sorrindo largos sorrisos
Mas nenhum deles será para mim

As vezes canta sozinho
E eu baixinho o acompanho
E ouso nossas vozes somadas
O tenor e o mezzo complementados
E a peça ganha um aveludado
Que orna as palavras de amor
Que nunca serão ditas a mim

E o golpe final de misericórdia
Seu olhar inerte no meu
Sua expressão de qualquer coisa
Quando ele olha pro vazio
Quando ele está com sono
O olhar me diz pouco sobre ele
Mas acho que uma certeza tenho
Ele não me olha como eu o olho

Na verdade ele me olha
Mas olha com o seu olhar
Ele é o cara perfeito
Que merece o mais puro amor
Mas não posso tentar dar-lhe isso
Pois ele diverge de mim em uma coisa
Que impossibilita tudo

Logo o que me resta é seguir assim
Seguir como um garoto homem
Ser teu amigo, te ajudar no que puder
Mas o que eu queria mesmo
É que não descordássemos neste detalhe
Que você gostasse de mim
E que eu fosse o seu garoto-gato...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

1º Selo

Honra ou Lógica?

  As pessoas vistas de cima do Town Time parecem uma massa de formigas eufóricas. Todo dia fico em cima desta arranha-céu e posso notar que nos últimos anos nada mudou. A mesma massa caótica, as mesmas mentes simplistas, individualistas e pragmáticas. E o que me torna diferentes dessa massa? O simples fato de estar aqui em cima, olhando tudo de fora.
  Quando venho aqui faço uma analise do que fiz, das pessoas que ajudei ou salvei. Das pessoas que prendi, que impedi ou, em casos mais freqüentes do que eu gostaria, matei. Sim, por que matar é ruim, mas as vezes é a mais lógica atitude a ser tomada. Não me julgo capaz de avaliar quem morre ou não, por isso prefiro evitar matar pessoas. Já as pessoas que ajudo são sempre as mesmas: Senhoras, crianças, banqueiros... Todos com o mesmo sorriso e a mesma gratidão...
  Sabe o que mais me dói? É salvar pessoas que sorriem para minha mascara. As pessoas ao sorririam para o analista de sistemas comum e quase desapercebido que sou por detrás desta roupa. Elas sorriem para um herói, não para um homem. Eu poderia continuar voando, lendo mentes e salvando vidas, que as pessoas nunca iam se dar conta de que eu sou alguém. Minto, ainda sobrariam jornais sensacionalistas para cumprir este papel.
  Mas isso me leva a me perguntar, quem sou eu? Será que quando uso esta mascara ainda sou eu? Será que quando invado mentes, a minha ainda está aqui dentro? Eu sou um analista de sistemas, formado a pouco, namoro um carinha normal que conheci na faculdade, falo dois idiomas, tenho intolerância a lactose e ronco. Te parece muito normal, não? Mas um belo dia inventei de fazer um suéter diferente, mostrar que tinha talentos legais e ajudar um pouco as pessoas. Acho que desde que fiz isso, não dá mais pra falar que sou comum... Que sou massa...
  Talvez a face mais negra de ser um herói seja salvar pessoas e olhar na cara delas depois, notando que salvou alguém que não merecia. Ou que você deseja ate matar... Tinha 14 anos e começava a aprender a ler  mente das pessoas. No colégio sempre fui o estranho, o nerd. E como sempre aviam os que se achavam melhores e nos surravam... Um dia reagi e denunciei um deles na ilusão que a perseguição parasse. Na manha seguinte o cara estava lá, impune.
  Na hora do intervalo fui pego e levado pro banheiro. Um dos brutamontes ficou na porta, enquanto outros cinco cuidaram de me dar uma surra e me estuprar. Eu britava por socorro, e nada... As pessoas passavam do lado de fora e eu escutava suas mentes... Tinham pessoas com mais medo que eu... Talvez eu fosse o menos vitima, todos os outros são reféns do que estes poucos “melhores” falam ou pensão...  Acredite, nesta hora eu ouvi cada pensamento deles. São dignos de pena...  Gays mal resolvidos, crianças abandonadas, rapazes mau amados... Nem esta pena suprimiu o ódio que criei deles... Nem todos estes anos foram o suficiente para esquecer este dias... Estas três horas que pareceram pra mim uma eternidade...
  Esta escola pegou fogo hoje, e eu salvei cada um dos que estavam lá dentro. Acalmei cada pessoa. Achei cada vitima que ainda fosse capaz de pensar... Não sou do tipo super forte ou invulnerável, mas sei pensar muito mais do que um fortão com uma cueca por cima do pijama. Assim que as chamas se dissiparem fui ver como estavam as cabeças das vitimas, que sempre estão uma bagunça nestas horas. Lá estavam quatro dos garotos que me violentaram naquele dia. Salvei cada um deles sem pensar nem quem eram, sem nem olhar...
  Este tempo de atuação me tornou uma maquina de primeiros socorros. Alguém que por mais genial que pareça é programado para fazer sempre a mesma coisa. Quando era criança, me disseram que fazer o bem era o certo e que nos faria feliz... Dia a dia prendo pessoas bem mais felizes que eu... Pessoas que tiveram tudo que quiseram... Pessoas que são puras no sentido de não terem ouvido, ou não terem acreditado, no mito de que a caridade é o caminho da felicidade... Sou feliz como sou e é fato. Mas será que seria mais eu mesmo se não fosse um herói?

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Iluda-me

Isso, continue a me iludir
Já passava da hora de fazê-lo
Ligue-me e marque de sair
Depois nem dê as caras por lá
Finja que me ama perdidamente
Em seguida me considere um estranho
E depois apenas suma da minha vida
Ouça-me por algum tempo
Depois não me ouça mais
Troque olhares e pensamentos
E simplesmente os esqueça
Eu preciso desta rotina
Ilusões podem não ser reais
Mas são fortes o suficiente
Pra animar uma alma carente

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Garoto lusitano

Ou o garoto das estrelas, talvez o filho do mar
O que nada tem haver com o passado da sua terra
Tem haver com uma alma que busca a plenitude
Busca certezas que ninguém tem para oferecer
Busca um eterno recostar-se na orla do mar
Busca um eterno balançar das ondas em seu corpo

Ou talvez o garoto dos olhos contidos
Pra mim ainda ocultos por pano ou negras lentes
O que ressalta as bochechas coradas
Marca forte dos portadores de belos sorrisos
Sorrisos largos, contagiantes e francos
Marca de quem merece muito mais que tem
De quem merece ser muito do que quer ser
E pouco de que querem que ele seja

Ou talvez o garoto Dops hibiscos
Das flores multicoloridas de seu jardim
Mas principalmente destas tão alegres
Hibiscos que aqui nascem por todos os lados
Quem dera pudesse velos na primavera
Quando se abrem e saldam os pássaros
Quando exalam seu cheiro a léguas de distancia
Quem sabe não pode sentir o cheiro deles
Ai onde estas, pertinho do oceano

Ou talvez simplesmente mais um filho de Apolo
Alguém com corpo humano, mas alma de deus
Com o espírito de um poeta ou ator
Com a bravura de um titã, de uma quimera
Mas ao mesmo tempo com a ternura de uma loba
Que mataria por quem realmente ama

É sim o garoto das palavras
Palavras que leio quase todas as noites
Escritas por alguém que merece
Acima de todas as coisas
Toda a felicidade que puder suportar

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Me Iludindo

A caba segundo volto meus olhos pro meu celular
Mas ele não vai ligar pra mim nem hoje nem nunca
Por que não existe mais ele... Talvez nunca tenha existido...
Espero por qualquer pessoa que queira viver comigo
Mas não existe alguém assim tão maluco
Apenas eu foi tolo e apaixonado a ponto de pensar assim
Chegar a pensar em viver o resto dos meus dias com alguém
Mas nunca senti isso por alguém que o sentisse também
Pra ser franco acho que ninguém sente isso por mim
E so eu que faço questão de pensar em todos sempre
A maioria so se da conta de que existo quando me vêem
E ai com sorriso amarelo me dão um falso “bom dia”...
Mas todas as noites de depressão e desespero
Espero por alguém que se lembre de que eu existo
Não só de manhã, nem de tarde, mas sim, todo o tempo
Porem já está claro que somente me iludo...
Afinal é querer demais ser amado como se ama...