sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Barco

        Como uma mulher ateniense à beira-mar, acenei para a partida de cada um dos meus amados, sabendo que não voltariam. Hoje, os ventos já me trouxeram noticias de que eles estão léguas a norte e a leste daqui, muito longe até para que minhas lembranças sobrevivam à distancia. Já não me lembro mais bem como eram seus olhos, talvez um pouco mais dos verdes do que de outros... Ou daqueles cujas estrelas sem duvidas guiaram sua tripulação. Meus amados capitães. Entre eles nenhum naufrago (Talvez um ou outro à deriva no tempestuoso e confuso Mar do Caribe.). Mas sempre esperei no cais, pronto a receber novas embarcações. Agora, vejo o meu amor zarpar sem uma embarcação. O amor deixou seu barco no cais, e de nada adianta um barco parado, sem seu capitão... Afundemos o navio? Aguardemos a chegada de um novo capitão? Ou então esquecemos este barco e esperamos uma nova esquadra passar pelo porto e deixar aqui uma de suas destemidas embarcações? Talvez eu não deva responder isso, assim como a mulher de longo vestido esvoaçante que contempla o mar a procura de uma embarcação nada pode fazer para que os barcos atraquem no cais.