terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Canto dos Deuses

Lira na mão, frutas na bolsa e lá vou eu
Cantando por cada taberna da velha Gálea
Poucos galeões no bolso, uma garrafa de hidromel
E ainda assim um sorriso estampado na cara
Como o mais rico dos comerciantes do mundo
Da flauta de Pan faço proezas inimagináveis
E canto canções com encantos em cada semitom
Sons que já encantaram espíritos dos bosques
E fizeram arvores me deixarem passar por florestas
E ninfas se aproximarem das bordas para me ouvir tocar
Som que já cativou corações humanos e élficos
E de tantos magos que nem posso mais contar
Pois o dom me concedido pelos deuses é genuíno
O de soar aos mortais como a voz dos deuses
De fazer-los me amar com toques na citara
De fazê-los se destruírem com o tom do carnix
E conduzir suas almas rumo ao banquete de Odin
Quando guiado por seus corvos, toco minha ocarina
E ao longe Fenris me acompanha com seu forte uivar
Com meu canto levo meu fado de seguir sem rumo
Destino que as Nornas me deram e não pude questionar
Porem o amor a minha musica também está em mim
E por isso sigo as estradas, errante, solitário
Marchando apenas acompanhado da minha canção

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Criação Divina

     Se é verdade que Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo, isso eu não sei, e nem vim discutir a veracidade disso, mas um fato deve ser ressaltado: O Criador teve um lapso e tanto de criatividade, seja lá quem ele for. Fez um mundo tão complexo que funciona praticamente sozinho, segundo suas ordens e preceitos mirabolantes que até hoje ninguém entende direito. 
     Agora mais uma vez não querendo me comparar a Deus, mas já o fazendo: É assim que me sinto em relação a algumas de minhas criações. Peguemos por exemplo “Chardon”. Sem duvida um de meus textos românticos que mais amo. Ele tem uma trama que julgo maravilhosa, mesmo sendo tão simples. A muito tenho tentado ultrapassar este limite, este nível, mas dês de então acho que nunca escrevi um texto tão maravilhosamente romântico como aquele.
     Um que me foi um presente um tanto quanto estranho foi “O Vinho Escarlate”. Pra quem não chegou a ler, foi o meu texto erótico mais “apimentado”. Alguns bateram palmas, outros tiveram desmaios, quedas de pressão e até teve uma amiga que vomitou! Eu particularmente adorei ter o escrito, tirou um peso enorme das minhas costas! Eu estava a tempos interessado em ousar escrever algo tão livre de pudores e receios, e consegui. Depois de um tempo tirei este conto do ar, mas caso alguém queira ler, tenho todos os meus textos aqui muito bem guardados.
     Outras que eu não posso deixar de citar são minhas series românticas inspiradas em grandes paixões: “A fagulha Breve de uma Esmeralda”, “Um Doce Amigo”, “O Garoto Copia” e recentemente estou trabalhando em “Mon Petit Chat Noir”, que tem alguns poemas inteiramente em francês.
     “Mon Petit Chat Noir” tem me dado um trabalho em particular, pois é difícil escrever estando tão feliz. Meus amigos de profissão sabem que escrever de magoas e de sentimentos não recíprocos é muito fácil. Porem quando um poeta sente que alguém gosta dele, parece que a felicidade nos tira o estimulo criativo. Ficamos como Deus: Seis dias de criação, e agora que já temos uma obra, admiramos cada detalhe dela, a fim de poder ver se achamos algo que nos motive a criar de novo. Porem acho que novos textos tão bons assim, talvez apenas por milagre...

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Quem és tu?

Quem és tu, jovem e estranho peregrino
Para invadir minha vida assim tão de repente
E destorcer um mundo tão lógico e solido
Quais dons secretos esconde com sigo
Quais formas esconde sub a pelagem negra
Quais dos meus medos estão por traz de ti
Quem o mandou até mim, e o porquê
Quais dos males do mundo vens trazer
Pois o bem que me fazes deve ser proposital
E um plano maligno arquitetas por traz
Pra fazer ruir o mais resistente dos impérios:
A mente deste poeta que aqui escreve

Quais feitiços esta preparando, cavalheiro
De quão sortidos eles podem ser
Feitiços que seduziriam a mais solida estatua
Feitiços que poriam para dormir o próprio Sol
E que transformariam em pedra os rios
Cantarias cantos místicos quando perto de mim
Talvez para que eu perdesse meus poderes
Afim de tornar um mago experiente como eu
Apenas uma doce criança em seu colo

Quão forte será que és, nobre companheiro
Será que lutas esgrima ou és hábil com as mãos
Desatas nos em questão de instantes
E outros tantos faz ao meu redor sem que eu note
Será que foste treinado entre os assassinos do deserto
E pretendes me matar na calada da noite bruna
Será que tens pratica em preparar armadilhas
Será que sabes onde eu vou estar a cada instante
E já preparaste uma armadilha a me esperar

Quão talentoso és, amigo amante
Será que seus doces tem gosto de ambrosia
Será que teus vinhos tem gosto de estrelas
Pois de certo estes gostos devem ser passageiros
Os pratos que prepara devem ter toda sorte de veneno
E poções capazes de matar toda uma vila
Ou ainda de tornar qualquer um louco por ti
Capaz de transformar um lobo errante como eu
Em mais um membro da alcatéia que lideras

Quais verdades não me disseram ainda, viajante
Quais fatos terei que arrancar de sua mente
Quais destinos tua mão ainda não me contou
Por quantos terei que passar pra descobrir
Para poder ver por trais de teus profundos olhos
O segredo guardado por traz destas pedras de âmbar
Uma obscura verdade que talvez seja simples
Mas que sei que escondes a qualquer custo

Será que me persegues inventor das alegrias
Será que te ofendo com estes versos
Versos modestos de alguém que reluta
Reluta em não se tornar chato em enfadonho
Mas no fundo da alma deste escritor
Fica findado o texto com apenas uma reticência
Onde gostaria de escrever seu nome
E mais uma bela declaração de amor

Se fazer tudo isso que disse de ti, sonho dos apaixonados
Espero que não pretendas matar-me futuramente
Por que bebi do veneno que és tu já faz bom tempo
E agora em meu sangue flui o fado cruel, mas necessário
A dor de um amante contido, cativo e encoberto
Mas que deseja gritar pra que todos no mundo ouçam...

sábado, 18 de dezembro de 2010

Heterogêneo

     Às vezes eu me pego em lapsos de ignorância, crendo em “não verdades” absurdas. Talvez a principal delas seja pensar que todos têm as mesmas facilidades e dificuldades que eu. É bem difícil entender como as pessoas agem as vezes, e eu torno isso bem mais impossível quando tento explicar usando a minha maneira de pensar. Existem pessoas que são formadas para “entender” as mentes alheias, e mesmo assim são alvo de deboches com suas metódica analises de um ser tão complexo.
     Muitas vezes acabo por me iludir com certezas de reciprocidades. Posso estar mais uma vez me iludindo achando que todos são iguais, porem sou presunçoso ao ponto de dizer que quase todos já fizeram isso.  Quando odiamos alguém, achamos que esta pessoas nos odeia reciprocamente. Quando amamos, a mesma coisa. Porem, principalmente com o amor, a reciprocidade é praticamente um mito! É tão fácil de encontrar quanto uma pedra de âmbar caída em meio a um mar de pedregulhos multicoloridos sem valor. Quando sentimos algo em relação a alguém é como ser olhássemos um quadro impressionista: Cada um veria o que quisesse, segundo suas subjetividades e anciãs secretas. Mas sempre existe a chance de termos um colega de contemplação, porem pode ser que este prefira apenas mentir, dizendo que viu uma simples faísca onde na verdade ambos tenham visto uma floresta em chamas.
     Outro de meus erros comuns é achar que todos são tão criativos e curiosos quanto eu. Me dói saber que uma pessoa quer uma informação, porem seu orgulho a impeça de fazer uma simples pergunta. Adoro responder perguntas, porem as melhores são as que vem acompanhadas de sede de resposta, sede esta que muito tenho. Mas na maioria das pessoas o que existe e apenas um desejo de continuar vivendo com as mesmas informações de sempre, o mesmo mundo fixista.
     Também costumo a pensar que todos sabem lidar com o não assim como eu lido. Tenho esta facilidade não por estudos longos de ioga ou de meditações e mantras, sei lidar com os não’s por que muito os ouvi. Os não’s são meus companheiros de estrada desde que nasci. Se ganho não pra uma coisa que queria, procuro outra pra querer. Se recebo um não para um plano, passo para o B. Talvez o não mais difícil seja o do amor, porem já levei tantos que sei algumas coisas que ajudam muito. Amor não some, não se esquece, mas pode ser “mutado” em algum sentimento qualquer, seja ele bom ou ruim. Meus amores nunca se tornaram sentimentos ruins mesmo depois dos piores nãos.
     Muitas outras coisas ainda eu poderia expor referentes a este meu defeito, porem esta minha ânsia de contar tudo de uma só vez também é um defeito. Deixar parte da historia para ser contada no pé da orelha de alguém é uma boa escolha. Porem seria uma ilusão crer que todos se interessariam nestes detalhes da mente humana assim como eu me interesso

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Pensamentos

     Para os que acompanham de perto a novela que é minha vida, devem saber que este fim de ano tem sido muito intenso para mim. O mundo tem me preparado uma serie de cenas que juro pra vocês que eu achava que não estavam no meu script. Tenho me empenhado para manter minha cabeça no lugar, mas tem sido difícil...
     Hoje, uma pancada muito grande veio me tirar de orbita. Não sei como será de agora em diante, visto que querendo ou não isso que ocorre afeta em todos os parâmetros a minha vida. Mas uma coisa eu sei: Tive muitas coisas boas das quais minha mente não vai se esquecer! E talvez elas sejam o que tem me mantido estável mesmo depois da pancada a que me referi acima.
     Visto que esta é a minha vida, e eu sei muito bem que decepções fazem parte dela, o jeito é tentar dar a volta por cima, catar os cacos que poderem ser reaproveitados e seguir em frente! Cacos não, desta vez tenho verdadeiras jóias para me acompanhar em minha caminhada.
     Estou escrevendo abaixo, para fechar essa postagem, algumas idéias que tive recentemente. São um grande emaranhado de frases que tenho feito, mas que não consigo encaixar em textos compostos do jeito que gostaria, mesmo assim não seria prudente impedir que elas se tornassem publicas:


“Ultimamente troquei os pesadelos por sonhos, os medos por duvida, os desejos por fatos e a solidão por saudade.”

“Sei que mesmo sendo um cara comum, sou simplesmente incompreensível pra qualquer psiquiatra. Eu poderia até o deixar louco, se assim o quisesse. Mas prefiro fingir que sou apenas estranho...”

“O primeiro de qualquer coisa marca muito. Mas você é que escolhe se as cicatrizes serão deformações ou apenas um charme...”

“Sou incrivelmente chato, mas sei que posso ser mais que já sou, e isso meio que me conforto, sabem.”

“Querer é o sinônimo de ter quase possibilidade remota de conseguir, é sinônimo de não ter... Querer é a maneira que achamos de tocar o intangível...”


     Agora, frases de outras pessoas que tem me ajudado muito, e que não param de ecoar em minha cabeça:


"Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim o único no mundo. E eu serei para ti única no mundo..." (Le Petit Prince - Antoine de Saint-Exupéry)

“Então... Sua mãe vai brigar com você, né?” (Mon Petit Chat Noir)

“Procure um lugar pra ficar sozinho e pensar...” (minha xícara de chá)

“O que os sacerdotes não sabem, com o seu Deus Uno e sua Verdade Única, é que não existe história totalmente verdadeira.” (Morgana, a fada, em As Brumas de Avalo

“Que eu tenha hoje e a cada dia, A força dos Céus, A luz do Sol, O resplendor do Fogo, O brilho da Lua, A presteza do Vento, A profundidade do Mar, A estabilidade da Terra, A firmeza da Rocha. Que assim seja! E assim se faça!” (Oração Pagã)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Desafio

Meu atual desafio é descrever em versos
Um sentimento mais que normal pra muitas pessoas
Mas que me acometeu de repente estes dias
Me tocou e me motivou a ser feliz de novo
Desta vez com muito mais força e vontade
Por que agora fatos colorem minha imaginação
Que até pouco fantasiava em descrições romancistas
(E no mundo real as coisas são melhores que em romances)

Sentimentos não podem ser escritos com tinta
Eles são escritos com fatos e sangue
Com suor, fôlego e com cada arrepio mínimo
Eles são fáceis de descrever ao se dar a mão
Ao olhar nos olhos ou sentir o cheiro de alguém
Mas o meu oficio me pedi pra que eu os descreva
Pra que eu os faça tangíveis em versos
Porem minha incompetência também fala alto
Um poeta não pode fazer o que não sabe
Sentimentos descrevo sim, mas não este
Este fica para o jovem que chamei de gato
E ainda de ágata, e em outrora de “pequeno amigo”
Ele pode ler estas paginas cheias de entrelinhas
Sem que eu me dê o trabalho de escrevê-las...

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Espaço Vetorial

Vivo em um espaço vetorial
E não faço aqui comparações
Minha vida é um conjunto maluco
Cuja real função ainda não sei
Nem se a mesma é injetora
Muito menos sobrejetora
Sei que minha vira comuta
Tanto na soma quanto no produto
Apesar de produtos serem poucos
E os que acontecem são pequenos
Por escalares menores que 1
Resolvo meus problemas
De uma maneira vetorial
Pois é muito complexo pra mim
Lidar com grandezas sem definição
E algo aqui está muito errado
É um espaço maluco sem explicação
Não dá pra calcular a cardinalidade
Não encontro se quer a dimensão
Já tentei achar a base canônica
Mas aqui não a cada como o convencional
Neste emaranhado de vetores
Apontando para todos os sentidos
Talvez seja muito curioso
E igualmente difícil
Encontrar um outro conjunto
Com que se possa fazer bijeção!

domingo, 5 de dezembro de 2010

Noite Rastejante

A noite se estendia por horas rastejantes
Do palco todo é escuro e nada se acha
E a alma que me abita me tira de mim
Personagem não sente, apenas existe
Mas é do fundo da multidão oca
Que se procura o que não vamos achar
É lá que ouço a voz mesmo sem ela estar ali
É de lá que olho a porta cada vez que ela range
“Não, ele não está aqui, pare de ouvir coisas
Concentre-se nos seus amigos...”
Eles não são mais amigos meus
Agora são apenas olhos de pena no escuro
Eles me diminuem com seus pesares
Sufocam-me com abraços vão
E me dão conselhos que não quero seguir
Sem paciência nem pros que amo, fujo
No tumulto ninguém nota a minha falta
Deito-me no concreto duro e olho o céu
Nuvens róseas me cercam como um manto
O vento forte joga longe as lagrimas que choro
E rapidamente as nuvens choram junto a mim
Molhando a roupa branca já imunda
Onze batidas e a porta não se abre
O silencio impetuoso rasga meu peito
E neste momento a culpa me vem
Palavras poucas que posso ter dito
E o ferido de algum modo que não sei
Ando sozinho na rua deserta do sétimo dia
Nem a lua me acompanha... Sozinho...
Acompanha-me uma barra de chocolate
Mas não planejava comê-la toda
Comeria apenas metade, e daria o resto
Sendo assim ela fica pra depois
Não posso mais pensar por mim
Não mais me defendo de pesos na alma
Apenas paços vazios de um zumbi
Minha voz roca de um sapo
E meu lamento mortal de quem quis
Fazer alguém feliz mesmo sem poder...