domingo, 28 de novembro de 2010

Oráculo


    Responder perguntas sempre me foi um dom. Sempre pedi perguntas, sempre procurei perguntas... Sempre as destrinchei como quem lê e re-lê as paginas de seu romance favorito. Procurava as respostas para as perguntas mais estranhas e elas sempre vinham a mim sem exitar. É como se meus livros se remexessem e cuidassem para que fossem abertos na pagina certa. Este dom me foi dado pelo tempo, que me doutrinou a tirar as duvidas dos que as tem, e assim achar em mim mesmo verdades que eu nem sabia que não conhecia.
     Meus velhos amigos sabem o quanto gosto de responder suas vans curiosidades a respeito da minha vida. Adoro despertar o interesse de uma pessoa. Geralmente sou perguntado quanto a reis, rainhas, impérios... Quando me perguntam de mim é como se uma voz endógena me dissesse: “Ele poderia estar te perguntando de Cesar, de Apolo, de Einstein. Trate de tirar todas as duvidas desta pessoa que te acha mais importante que todo o resto!” Nesta hora eu fico mais folgado, pois sou o único livro que preciso ler para responder as perguntas e a verdade é só o que precisa ser dito.  Felizmente caminho ao lado da verdade a um bom tempo.
     Porem, a mim foi tirado o dom de fazer perguntas. Talvez não algumas como “Qual o parâmetro que será usado no experimento?” ou ainda “E se em vez de R³ usássemos um espaço vetorial genérico?”. Mas convenhamos, estas perguntas não são as mais interessantes. O mais interessante na vida não é o Nobel e sim o amor, a felicidade, o prato do almoço, a hora de levantar... A vida não é feita de grandes eitos, mas de pequenas ações somadas. Cada uma mais importante que a outra, mais verdadeira que a outra. Cada uma merece uma pergunta e uma resposta.
     Respostas tenho dado há muito tempo, perguntas sei que não são meu forte. Também não sei dar respostas a perguntas que ainda não foram feitas. Sei que poderia dizer uma resposta qualquer antes, algo apenas trivial, mas não me contendo com respostas vans. Gosto de poder falar com franqueza,m de maneira aberta e franca, mas nada posso fazer sem antes uma pergunta que me faça falar. Mímicos não fazem perguntas para os que não falam por gestos, mas como falo por eles também, estou apto a responder qualquer pergunta, seja dita por quem for.
     Agora espero meu oráculo reverso, para que iluminar com sua função antagônica a dos oráculos normais: Em vez de uma resposta preciosa, uma pergunta que mudara minha vida.

“Se ele disser que me ama, direi que é recíproco. Caso contrario, direi que não o é...”
(Alastus, refletindo olhando uma pedra de âmbar)

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O Garoto e A Rosa

     Era uma vez um menino que sonhava com uma rosa. Mas não era uma destas rosas de jardins normais. Muito menos era alguma garota que tivesse este nome, pois garotas não eram o forte deste menino. A rosa com que ele sonhava era um presente simples, vindo do fundo do coração. Este menino sonhava com o dia que alguém Le daria uma rosa...
     Alguns de vocês, meus leitores, poderiam se perguntar: “Que coisa estranha? Só uma rosa?” Mas pra ele não seria só uma rosa, seria “A Rosa”! Ele já tinha pensado muitas vezes em tulipas, margaridas, cardos (que eram suas flores preferidas)... Mas nenhuma tinha o brilho, a elegância, a caoticidade, a complexidade... A rosa era única...
     O garoto também pensava na cor da sua rosa... Os populares diziam: “Rosa para uma amiga, branca para uma pessoa que você respeita, vermelha para uma paixão...” No fim o menino não se importava com a cor. Seja a rosa vermelha, amarela ou anil, ele vai a adorar do mesmo jeito. Vai tirar uma pétala em especial e por dentro de um livro que use muito. Vai chegar em casa e por num vaso no meio da sala, sozinha. E todos perguntarão “De quem é esta rosa?”. E o garota ira apenas abrir um largo sorriso.
     Certa vez ele fez um juramento com alguns amigos, onde todos pediram coisas relativamente impossíveis. Este simples e ingênuo menino pediu apenas uma rosa. Ele saiu pelo mundo a procura dos presentes que seus amigos pediram: Livros, panetones, algodões doces... Cada item recolhido era um amigo feliz... Meses se passaram desde que ele coletou todos os itens que seus amigos pediram, e até hoje nada de ganhar a sua tão desejada rosa...
     Toda noite este garoto pensa quando vai ser o dia em que vai ganhar a tal flor, pensa em quem o dará este presente... Será um amigo?  Será que vem de longe? Será que a rosa é rara? Será que tem bilhete? Ele só não tem duvidas que de qualquer forma será um dia maravilhoso! E que a pessoa que o der a rosa, seja quem for, vai ganhar o melhor abraço do mundo: O abraço de um de alguém feliz.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Eminência

Eu poderia ter me privado deste amor desenfreado
Ter parado este sentimento antes que crescesse
Porem, a espera fez com que ele tomasse forma
E não pude resistir a sentir esta força de novo
O prazer de pensar em alguém todo o tempo
Mas nisso esqueci-me de um fato relevante
Dos erros que já cometi por agir desta forma
Do histórico enorme de quase romances acabados
E da eminência de uma fatalidade que eu criei
Posso ter cavado minha cova outra vez
Posso estar arriscando mais messes de tristeza e dor
Mas não tem como tentar mudar tudo
Recolocar a terra no lugar está fora de cogitação
Agora é me enterrar ate o pescoço e esperar a maré subir
Ver se alguém vai me salvar ou se a historia se repetirá
Torcer para que o rapaz a quem devoto alegrias
Também se alegre em estar junto de mim
Escolhi por ser feliz na espera e esqueci...
Esqueci que a toda espera corresponde um fim
Ou o fim do achado, da alegria da Gloria do Herói
Ou a morte... O frio... A solidão...

domingo, 21 de novembro de 2010

Me ajude...

sábado, 20 de novembro de 2010

O que é melhor?

     Quem é melhor? O que avança ou o que espera? O que joga ou o que nem se quer tenta. Sempre fui dos que esperam. Os que esperam são os tidos como passivos, amenos... Na verdade eles são pessoas que querem ser amadas, pois já amaram muito sem que ninguém as amasse. Eu sou assim... E espero ainda, muito menos do que outrora, mas espero. Acho que a espera em si é boa, ela enobrece o sentimento, o aumenta, o eleva... Pouco a pouco vemos os sentimentos tomando dimensões inimagináveis...
     Todos têm sonhos, mas acho que todos nos que assim como eu ficam esperando o cara perfeito, todos nos no fundo temos o mesmo sonho: O cara vem, põem a mão no nosso rosto e diz que nos ama, sem mesmo termos nos declarado para ele antes. Não importa se o rapaz sabe um trecho de Shakespeare ou se comunica por libras! O importante é o sentimento... Às vezes nem seriam necessárias palavras, um simples olhar, um beijo cândido talvez...  O simples ser amado já é um sonho por si só...
     Em fim, o que é melhor? Sonhar ou ir à guerra? Ser dos que esperam ou dos que avançam sem pensar duas vezes? Eu sou dos que esperam... Sempre fui... E acho que sempre serei também... Mudar minha essência não é a coisa mais fácil do mundo, ainda mais com uma característica que é tão forte em mim. Mas não posso te forçar a escolher o mesmo que eu. Cada um com seu caminho, com sua responsabilidade, com o que prefere chamar de verdade.
     Responda pra si mesmo: O que é “Melhor”?

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Enrijecimento

       Algumas vezes na nossa vida encontramos alguém que sabemos que vai durar pra sempre. Porem ‘sempre’ é uma medida temporal muito incerta, assim como o horizonte é para as distancias. O sempre pode durar só mais uma noite assim como o horizonte geralmente está a menos de dez quilômetros. O fato é que neste momento o pra sempre que acreditamos é até o dia de nossa morte, ou até quando as estrelas virarem pó.
      Aí o que há para se fazer? Procuramos estar com esta pessoa e aproveitar cada segundo deste incerto “para sempre”. Mas estar perto depende de dois, e não só de um. Estar perto pode ser mais difícil que fazer o para sempre se alongar. E o perto é outra destas métricas confusas. Japão e china estão perto um do outro, mas para dois amantes, esta distancia definitivamente não pode ser chamada de “perto”. “Perto” é para os apaixonados uma questão de meros centímetros. O problema pode vir no fato de o seu perto ser perto demais para quem você ama... 
       A parte mais vivida do amor nem é a proximidade, e sim a partilha. Quando nos apaixonamos pegamos tudo de nossa vida e juntamos a vida daquela pessoa amada. Se a pessoa também o ama, ela gentilmente divide com você o fardo que pode ser carregar tanta coisa. Mas já se você deu o azar de se apaixonar por alguém que não te ama, o fardo será só seu.  Terá que prosseguir carregando seu fardo e o da pessoa amada, ate que não a ame mais e possa deixar o peso referente a ela pra traz.
       Os fardos podem ser encarados como castigos para os corações aventureiros, porem são eles que fazem, de um coração mole que se apaixona facilmente, um coração rígido que consegue ser feliz sozinho. E sozinho o coração de pedra se vê confortável em não mais amar como amava. Por mais que a sua racionalidade te faça acreditar que você precisa se apaixonar novamente, seu coração se contraiu e enrijeceu, assim como o magma outrora maleável e incandescente. Por mais que veja garotos que são absolutamente ideais, não se apaixona mais... Apenas perdeu o dom de amar. O que era vivo regrediu à matéria bruta...