quinta-feira, 30 de maio de 2013

E se fosse diferente?

Se o garoto me amasse, seria diferente
Ele estaria aqui agora me consolando
Teria feito uma guerra quando parti
Não teria deixado chegar onde chegou
Não teria dormido quando eu falava
Não ficaria triste pelo meu atraso
Mas não sorriria tanto quando presenteado
Por que se ele me amasse como amei
Não teria por que ter presa na eternidade

Se meu amigo tivesse se apaixonado
Eu, que já o estava, estaria completo
Se ele tivesse me beijado quando pode
Se ao menos tivesse ariscado tentar
Teríamos sido felizes, mesmo que breves
E eu não teria chorado no meio de nossos amigos
Nem teria me entregado a algo novo pra esquecer
Nunca iria desistir de tê-lo ao meu lado
Mas temo que mesmo depois do que chorei
E de toda a dor que senti ao te ver com outro
Ainda não sei se desisti de te ter comigo
Como meu mais eterno e puro amor

Se aquele outro garoto não tivesse sumido
E me deixado achá-lo na cama com outro
Depois de quarenta dias sem atender o celular
Ou se ainda aquele outro se importasse comigo
Ao invés de pensar no que eu tinha a oferecer
Como um professor particular carente e comprável
E se não tivesse estragado nossa única formatura
E não tivesse me dado três meses de depressão
E não tivesse me mandado uma foto sem roupa
Que eu acho que foi só de provocação
Ou se ainda aquele outro não tivesse me agarrado
E me feito perceber o quanto gostava dele
Só pra me humilhar em publico na escola
Por que eu sabia mais química que a professora

E se eu não tivesse esta mania estúpida
De me deixar apaixonar por qualquer pessoa
Desde que demonstre um pouco de carinho
Se eu não fosse tão volátil e não chorasse tanto
Se não pensasse que o amor vale mesmo a pena
E desistisse de uma vez da minha esperança tola...
Será que, mesmo sem isso tudo que passei (e passo)
Será que mesmo assim ainda seria eu aqui?

Mas de fato creio que valeu a pena ter vivido
E chorado, e rido, e me entregado, e me vendido
E ter me apaixonado loucamente muitas vezes
Simplesmente pelo prazer de ser quem eu sou
E pela esperança (inocente) de que o pior já passou

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Já Devia Ter Desistido


     Que gosto será que a água tem pra quem nunca a bebeu? Mesmo este líquido tão puro e tido como insípido pode ser fascinante e de sabor impagável para os que têm sede. Sei bem o que é querer ter e não poder... Estar tão perto da água a ponto de ver os reflexos das estrelas sobre ela, e não poder provar nem a menor das gotas... 
      A água de que falo são os lábios que nunca beijei, por mais que tentasse... É a pele que nunca toquei se não para um amigável abraço... A água de que falo é um amor que só me voltou como uma amizade salgada e seca...  Desejar ter mais do que podemos é potencialmente perigoso, principalmente quando não desistimos...
      Chego ao ponto de achar que tenho me impedido de realmente degustar o novo por nunca ter bebido desta água... Ter evitado tantas outras bocas... Ter me afastado de tantos outros sorrisos... Ter me privado de olhar nos olhos de tantos outros na esperança de ver as estrelas que moram nos seus...
     Já deveria ter desistido, pelo meu próprio bem... Eu já deveria ter desistido... Acho até quer já desisti, e ainda estou chorando por tê-lo feito...