domingo, 13 de novembro de 2011

Valsa das Estrelas

     Quando vi que era o seu rosto que se aproximava, não podia mais olhar ao meu redor... Meu olhar a via se fixado na sua direção e todo controle que eu tinha de mim mesmo se extinguiu. Cada passo seu aumentava exponencialmente meus batimentos. Quando chegou perto demais para que eu pudesse fugir, achei que ia simplesmente desmaiar, mas acho que a rigidez de minhas pernas impediu meu corpo de tal feito. 
     Eu tinha que dizer algo inteligente, algo que não deixasse transparecer o que estava sentindo, mas não consegui... Eu estava só te olhando... A música que tocava já tinha sido completamente abafada pelo som emitido pelos pequenos globos brilhantes que flutuavam no seu olhar... Eu estava sendo afogado em meio à intensidade do seu sorriso... Este seu ser me tinha tirado de lá, e tinha posto você definitivamente em mim...
     Você disse algo que não pude ouvir, mas sei que sorri... Sei que você se aproximou e me deu um abraço... Neste momento chorei como uma criança que ganha um presente de natal... Chorei como um rio ao chegar ao mar... Chorei como chora o arco-íres... Chorei por ter você comigo, tão perto de mim... Chorei por esta simples alegria que me enchia como um tolo...
     Foi ai que ouvi um som distante, uma melodia harmoniosa à piano. Sua mão foi para minhas costas e você começou a dançar abraçado comigo. Eu, sem norte, o segui em o que me pareceu uma valsa tocada em pianíssimo, com uma melodia incrivelmente familiar, mas que não reconheci na hora... Você sorria, via felicidade em seu rosto... Haviam vultos ao nosso redor, todos rostos borrados, todos garotos sob uma meia luz roxa uma fumaça leve que inebriava mais ainda meus sentidos.
     Um dado momento você parou. Eu esbocei um próximo passo, mas você definitivamente não ia continuar... Olhei e te vi meio triste... Li em seus lábios o que me pareceu um pedido de desculpas. Uma lagrima em seus olhos... Eu também chorei, mas tirei suas lagrimas com a mão e você sorriu... Vi seus olhos nos meus mais uma vez... Vi o brilho do céu estrelado... Era agora uma galáxia que nos cercava... E as estrelas se aproximavam, todos aqueles guizos soando uma melodia doce... Seus olhos nos meus... Suas mãos nas minhas... Seus lábios a menos de um centímetro dos meus... Ouvi pela primeira vez o doce som que vinha de sua boca. Um sussurro quente que dizia: “Eu te amo.”

"Ao meu lado, na cama vazia, não via ninguém... Estava escoro no meu quarto... E a musica parou de tocar, mas as estrelas ao menos não se apagaram... Elas só não estão aqui..."

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