sábado, 16 de novembro de 2013

Dos Olhos que Tive

     Enquanto eu olhava para seus olhos, vi o quanto eu mudei ultimamente. Este olhar distante, curioso e por vezes tão triste, me lembrou de mim mesmo a tempo, quando eu si quer me perguntava quanto ao porquê de ter esperança, simplesmente a tinha. Eu já me apaixonei a primeira vista quando tinha esta luz no olhar, já sorri do simples fato de dizer oi... Já amei como julgo que talvez nunca mais ame... Amei por que não tive medo! Amei por que, enquanto um estranho sentado ao meu lado me olhava, eu simplesmente admirava as luzes e as formas dos espetáculos. 
     Lembrei-me agora de que já passei por isso. Já olhei pro lado nesta mesma platéia e percebi um olhar não voltado para o espetáculo, e sim para mim. Foi um começo lindo de um fim trágico. A ilusão, a inocência, a doçura... Com a mutilação constante do nosso coração, tudo isso se esvai lentamente. Quando nos damos conta, já nos tornamos máquinas automáticas de tomar decisões acertadas baseadas em lógica, não em sentimentos. Quando percebi que já não podia mais dar meu coração da mesma forma que antes, notei o quão decepcionante com sigo mesmo perder até o que julgava ser mais lindo em você mesmo...
     Ao mesmo tempo, hoje parte daquilo que eu fui gritou de dentro de mim. Os olhos brilhantes que refletiam a luz dos holofotes distantes despertaram um sentimento de afeto tão grande. Dentro de mim, uma força gritava, implorando por um abraço forte... Ela queria um aromático bolo de cenoura, um copo de chocolate quente, um livro lido na frente de uma lareira... Ela queria ser feliz de novo, simples e completa como já fora outrora.
     Dizem que não se pode ensinar novos truques a um velho cão, mas e quanto a lembrá-lo dos  truque que ele já havia esquecido completamente? Não sei o que tinha brilhando por trás daqueles olhos caídos, mas me encantou tão profundamente que nem sei mais se meu coração realmente esqueceu tudo aquilo que não sinto há tanto tempo.

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