segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Sentimentalismo Quântico

     Desde que os cientistas do inicio do século passado resolveram enfiar de vez esta coisa de relatividade e teoria quântica na física, dissemos adeus a tudo que julgávamos determinísticos na única ciência exata que se propunha a descrever o futuro antes que o mesmo ocorresse. O pior talvez seja saber que esta não foi uma escolha: O mundo não é, de forma alguma, determinístico. Porem, ainda sabemos que uma dada condição inicial nos garante a total improbabilidade de uma série de respostas (Pelo menos pelo que já conhecemos.). Podemos traçar um espaço de respostas possíveis e descartar outras tantas. O difícil é entender quais são estas. Em mecânica quântica, este é um problema chamado de “Problema de Auto-Valores”, onde temos “só” que achar as soluções de uma equação (Dizendo assim, parece até que isso fosse simples.), a famosa Equação de Schrödinger.
     Se é assim, e é, o que então podemos tirar de previsão da natureza? Sabemos as coisas que podem acontecer com suas respectivas probabilidades. A pergunta então passa pro experimento: Será que a probabilidade realmente se verifica?  Até agora, poucas teorias foram tão certas quanto a Teoria Quântica.
Vamos agora mudar de foco um pouco: Quando conhecemos uma pessoa nova, alguém em potencial, estamos nos deparando com um complicado problema de previsão. A pessoa pode ser tomada como uma condição inicial do problema. Já nós? Somos como condições de contorno (Termo que usamos em física e matemática para coisas que restringem os objetos procurados, como as bordas de uma caixa.). O que nos resta agora é tentar averiguar a solubilidade do problema. Vejam bem, não existe uma equação mágica que nos permita ver a possibilidade de compatibilidade entre pessoas. Mas quero enxergar isso de uma maneira mais próxima.
      A Equação de Schrödinger é um caso particular de uma equação do tipo H(f(x)) = E.f(x). Vamos escrever esta equação de um jeito menos matemático: “Eu faço a pergunta H para a f(x), em seguida, obtenho a resposta E da f(x).” Então, podemos pegar nosso problema e escrever ele desta forma, não é? A pergunta H pode ser, por exemplo, “Você gosta de mim?”. Teremos dois valores possíveis, ou E=“Sim.” ou E=”Não.” (Vamos desconsiderar os casos extremamente mais complicados. Geralmente eles só aparecem em Mecânica Quântica quando a pergunta H não é bem feita.). 
      O problema, como já disse, é que aqui as coisas não são matemáticas. Por isso, não podemos de vez calcular a probabilidade de cada uma das respostas. Aqui, os únicos cálculos válidos são a intuição e o bom senso. Meu professor de física matemática me disse uma vez que “Nossa intuição só nos manda dormir e comer doces.”, sendo assim, não julgo que se deva confiar muito nela pra tirar qualquer conclusão. Já o bom senso sozinho não da conta de fazer todas as previsões.
      Em física experimental, quando chegamos neste impasse, geralmente montamos o experimento e vemos no que vai dar. Mas lá podemos fazer o experimento um milhão de vezes para poder fazer estatística e achar as probabilidades. No nosso experimento mental aqui não temos este luxo. Faremos o experimento uma vez, e nenhuma outra. Os riscos existem, mas um bom cientista sempre tenta usar o bom senso primeiro e a coragem logo em seguida. 
      Recentemente procuramos variáveis escondidas que nos ajudassem a poder dizer que o mundo era determinístico, mas a procura acabou num fracasso total, e ainda negando a possibilidade de que tais coisas existam. Devemos nos contentar com o fato de que Schrödinger foi uma boa cartomante pra elétrons, mais ainda temos sérios problemas pra prever o futuro dos humanos.

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