sábado, 21 de agosto de 2010

Desbotado

Quando foi que tudo perdeu a cor?
Meus versos apenas ficaram cinza?
Por que não te vejo mais como antes?
Será que meu mundo arco-íres sumiu?
Apenas não vejo mais graça de nada
Nem em seu jeito nem em seu gosto
Antes você era alto e belo como ninguém
Agora é baixo e apenas um amigo especial
E aquele outro? Que nem está aqui mais...
Antes era lindo como um campo de trigo
Seu corpo se movia como as folhas no vento
E seus olhos faiscavam tão brevemente
Que eu só via os pequenos reflexos verdes
Agora não é mais assim, tudo mudou
Todos mudaram para algo sem cor
Os caras bonitos se tornaram normais
Os normais tão sem graça quanto os bonitos
Esfriei, me tornei uma pedra
Não sei ver o mundo sem aqueles olhos
O olhar caleidoscópico de um apaixonado
Ou de alguém muito feliz por nada
Estou sem cor nem pra mim
Não vejo mais a difração de meus cálculos
De meus textos tão multicoloridos
De meus amores de tinta que já desbotaram
Agora sou só mais um garoto cinza
Não mais roxo nem verde, cinza
Que acorda numa casa cinza, de uma família cinza
E faz todo dia as mesmas coisas cinzas de sempre
Sobrevivendo apenas a custa de algumas doações
Das poucas cores que restarem aos meus amigos
Também praticamente já desbotados pelo sol e tempo
Tentando ver cor em algo que não tem
Tentando fazer aquarela dobre uma vida morta
Tentando ser roxo, quando no máximo
Usando todas as suas forças
Consegue ser apenas furta-cor...

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