domingo, 5 de dezembro de 2010

Noite Rastejante

A noite se estendia por horas rastejantes
Do palco todo é escuro e nada se acha
E a alma que me abita me tira de mim
Personagem não sente, apenas existe
Mas é do fundo da multidão oca
Que se procura o que não vamos achar
É lá que ouço a voz mesmo sem ela estar ali
É de lá que olho a porta cada vez que ela range
“Não, ele não está aqui, pare de ouvir coisas
Concentre-se nos seus amigos...”
Eles não são mais amigos meus
Agora são apenas olhos de pena no escuro
Eles me diminuem com seus pesares
Sufocam-me com abraços vão
E me dão conselhos que não quero seguir
Sem paciência nem pros que amo, fujo
No tumulto ninguém nota a minha falta
Deito-me no concreto duro e olho o céu
Nuvens róseas me cercam como um manto
O vento forte joga longe as lagrimas que choro
E rapidamente as nuvens choram junto a mim
Molhando a roupa branca já imunda
Onze batidas e a porta não se abre
O silencio impetuoso rasga meu peito
E neste momento a culpa me vem
Palavras poucas que posso ter dito
E o ferido de algum modo que não sei
Ando sozinho na rua deserta do sétimo dia
Nem a lua me acompanha... Sozinho...
Acompanha-me uma barra de chocolate
Mas não planejava comê-la toda
Comeria apenas metade, e daria o resto
Sendo assim ela fica pra depois
Não posso mais pensar por mim
Não mais me defendo de pesos na alma
Apenas paços vazios de um zumbi
Minha voz roca de um sapo
E meu lamento mortal de quem quis
Fazer alguém feliz mesmo sem poder...

Um comentário:

  1. Não posso deixar de comentar neste texto, contudo não teria eu muito o que dizer, ele deixaria qualquer um sem palavras. Ah, se eu pudesse tirar toda a dor do mundo, principalmente das pessoas que amo; ah, se eu pudesse ser a amiga que que vocês e tantas pessoas merecem...
    "Sofrer com você é o máximo do que eu posso fazer e o mínimo que você precisa." (Pe Fábio de Melo)

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