quinta-feira, 29 de julho de 2010

A Dança Sincera

(ou "Um Primeiro Improviso Poético")

O bailarino se aquece na beira do palco
Suavemente se move para o centro
Platéia imóvel e silenciosa como lapides
São os rostos estátuas inertes a observar
E o bailarino parado sobe as luzes da ribalta
Nem um só ruído, nem tose, nem sussurro
É o grande momento que ele esperava
Coreografia arquitetada com total zelo
Atenção nos detalhes digna de um pintor
Criatividade minuciosa de um poeta
E em um do sustenido começa a valsa
Os dedos da pianista se movem no compasso
No suave movimento três por quatro
E o bailarino se move tão lentamente quanto
Esboçando os primeiros passos
Em um passo ousado se move par a frente
E por um triz não cai sobre o publico
Mas fica na ponta do pé rente ao proscenio
Como uma garça se ergue no ar
Ainda apoiado no mesmo pé que antes
E mais uma vez sai da posição e se move
E desliza no palco como um cisne
Porem não é este o ballet que dança
Não é o ballet dos cisnes e princesas
É o bailar de seu coração volúvel
É só uma maneira de se expressar
De mostrar pra todos o que ele sente
Uns passos para representar a paixão
A mesma valsa que o viu valsar naquele dia
A mesma loucura do apaixonar-se
Mais outros tantos palcos para o entregar-se
Os passos de quem se declara amante
Os passos de quem se deixa envolver
Agora um jogo de luzes para o ardor
Algo de vermelho para as noites quentes
Um pouco de lilás para os beijos roubados
E as sombras para os corpos entrelaçados
Mais alguns passos de ligação surgiram
As mãos da pianista já estão reclamando
Mas de repente ouvisse um grave acorde
Mais dois logo em seguida, e mais outros dois
Um rodopio, um tropeço, um corpo no chão
O bailarino prostrado, ofegante e entregue
Momentos de amor, prazer e paixão arruinados
Um apagar das luzis sutilmente da fim ao espetáculo
A platéia se ergue em palmas e gritos
Mas no palco... Sem luz... Sem vida...
Ouve-se apenas o pranto do artista...
Bailarino... Amante... E abandonado...

3 comentários:

  1. Este poema foi produzido através do titulo. Este por sua vez foi uma união de um substantivo (dança), que me foi sugerido por meu amigo Talison, e um adjetivo (sincero), que foi sugerido por outro grande amigo, o Vinícius.
    Obrigados amigos pelas sugestões e para meus leitores digo que esperem por mais improvisos como este!
    Obrigado pela visita!!!

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  2. ah obrigado por me deixar fazer parte da honra de pelo menos titular essa obra de arte, como sempre João ficou otimo, sem comentarios!!!

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  3. eu que agradeço por fazer parte desse poema eh uma honra...ainda mais quando se trata de algo tao especial pra mim...qto a dança...

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