segunda-feira, 26 de julho de 2010

Oculares Errantes

Oculares brilhantes diante dos olhos
E ele caminha livre pelas ruas da remota cidade
Lentes negras para poder fazer de tudo
Olhar sem que saibam que está olhando
Trocar olhares mesmo sem que o outro saiba
Para olhar o tempo passar o dia todo
Sem ter que parar pelo sol do meio dia
Poder ornar seu rosto sem muita tinta
Poder tingir o dia da cor da lente
Poder fingir que está prestando atenção
Enquanto observa a capa da revista na banca
Ou enquanto olha um jogo de xadrez na praça
Descompromissado com a vida

Levando os óculos escuros como mascara
De um herói que não quer ser reconhecido
De um arlequim que não quer exibir as lagrimas
E aos amigos mostra apenas os sorrisos
Leva seus óculos como jades e safiras
Pedras tão raras de serem vistas
Que ele não as trocaria por nada
Óculos que usa sem pensar
Sem pudor e sem medo de errar
Ao deles se dispor por um breve momento
E lançar um olhar sedutor ao vento
Ou a quem dele possa se agradar
E após isso, num breve movimento
Põem de volta o sutil ornamento
E segue em sai caminhando sem rumo
Segue o garoto com seus óculos escuros
E seguem também os olhos ocultos
Ao olhar por detrás das lentes
A sua própria visão de mundo...

3 comentários:

  1. Este texto foi fruto de um pedido feito por Pedro Henrique, um grande amigo! Devo a ele esta inspiração!!!
    Parabéns meu amigo e muito sucesso em sua vida!!!

    ResponderExcluir
  2. Eu ficaria mais que honrada, hein, Pedro Henrique.
    Texto nada menos que maravilhoso. Daqueles que ao decorrer de cada palavra vai se formando sutil e agradavelmente um filme na mente. Como sempre, belas palavras, querido Alastus.

    ResponderExcluir
  3. JP,
    Como sempre suas palavras são tangíveis, ainda mais em textos onde eu sou o objeto de análise. Não sabia que eu era tão previsível, tão transparente. Consigo visualizar minha própria imagem, sorrateiro, meio esquivo, como se meus óculos fossem uma verdadeira máscara. Droga! Você descobriu meu segredo, terei de matá-lo... haushaushaus"
    Realmente adorei esse texto, fico sem palavras para expressar o quanto gosto de suas obras e, principalmente, esse poema em especial. Continue sempre a escrever e a semear essas preciosidades nos corações daqueles que, como eu, são pobres mortais sem o dom da palavra...
    Abraços!

    ResponderExcluir